Internacional

Farmacêutica chinesa negocia teste global de vacina contra o coronavírus

08 maio 2020, 7:51 - atualizado em 08 maio 2020, 7:53
Vacinas
“Para avaliar se a vacina pode oferecer proteção, precisamos estudar a relação entre a incidência da doença e a vacinação”, disse Yin diretor-presidente da Sinovac Biotech (Imagem: Pixabay)

Com a corrida pela imunização contra o Covid-19, a farmacêutica por trás de uma das mais promissoras candidatas a uma vacina contra o coronavírus da China está em negociações para conduzir testes em estágio avançado em todo o mundo.

Com sede em Pequim, a Sinovac Biotech conversa com reguladores de outros países e com a Organização Mundial da Saúde para realizar ensaios clínicos de fase III em regiões onde o novo coronavírus ainda se espalha rapidamente, disse o diretor-presidente Yin Weidong em entrevista na quinta-feira.

“Para avaliar se a vacina pode oferecer proteção, precisamos estudar a relação entre a incidência da doença e a vacinação”, disse Yin. “Não podemos fazer isso quando não há casos.”

Como a China reduziu o número de novas infecções, farmacêuticas chinesas precisam buscar cooperação internacional para testar candidatas a vacinas em outros países. Uma tarefa que pode ser complicada devido às tensões entre a China e alguns países, especialmente os EUA, sobre como e onde o vírus se originou.

A Sinovac é uma das três empresas chinesas na linha de frente dos esforços para deter a pandemia que infectou mais de 3,8 milhões de pessoas no mundo todo e matou quase 270 mil.

Embora existam mais de 100 vacinas em desenvolvimento globalmente, apenas cerca de 10 atingiram a fase final de testes em humanos.

Uma vacina funcional é a melhor esperança para que países possam reabrir as economias e retomar a vida normal sem aumento de casos. Mas o desenvolvimento de vacinas normalmente leva anos, e ainda não existem para muitas doenças, como o HIV.

Embora não tenha especificado em quais países planeja realizar os ensaios, Yin, da Sinovac, sugeriu que os EUA são um local ideal. “Os EUA têm a indústria biotecnológica mais desenvolvida, a estrutura regulatória mais sofisticada e sua epidemia é agora a pior”, disse.

Farmacêuticas americanas como Moderna e Johnson & Johnson também têm candidatas a vacinas em testes em humanos, assim como pesquisadores da Universidade de Oxford.

Além da candidata da Sinovac, cientistas chineses têm outras três em ensaios com humanos: uma dos militares chineses em colaboração com a CanSino Biologics, de Tianjin, e duas da estatal China National Biotec.

O ensaio da CanSino também tem planos de se tornar global: a empresa apresentou um pedido no mês passado para realizar ensaios clínicos para sua vacina no Canadá.

A Sinovac desenvolveu anteriormente uma vacina contra a SARS, a pandemia de 2003 causada por um primo próximo do coronavírus.

A empresa teve que interromper o desenvolvimento na fase I, quando o surto, que adoeceu 8 mil pessoas, foi controlado.

“Temos a vacina pronta”, disse Yin. “Quando um país aprovar o ensaio clínico, o lançaremos imediatamente.”

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