Farinheiras absorvem altas do trigo e o câmbio represando preços e importando menos
Do pão às massas em geral, há uma variação média no aumento dos preços, nos últimos meses, de 10% no Brasil. Poderia ser mais. Ou poderia ser muito mais, a depender do poder de fogo de cada indústria.
A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) garante que as farinheiras associadas estão segurando o repasse integral da explosão das cotações do trigo.
“Não estão repassando e, sim, reduzindo suas margens”, afirmou a Money Times o presidente da associação, Rubens Barbosa.
Com o trigo em subida direta desde o começo do ano, e acima de US$ 7 desde julho – US$ 7,70 o bushel, na cotação praticada nesta sexta (5), em Chicago -, e que chegou à máxima do ano na terça-feira (quase US$ 8), não haveria sustentação para praticar as altas cheias no preço da farinha.
Como a inflação se alastra para todos os itens, certamente haveria substituição mais intensa dos produtos feitos com o trigo.
Rubens Barbosa não atribui a capacidade de represamento das indústrias a compras antecipadas, fixadas com as cotações mais baixas, apesar de o dólar estar em patamares elevados há muito tempo.
Para um setor importador líquido, com mais 4,8 milhões de toneladas importadas de janeiro a setembro, o recuo de 2,71%, sobre os mesmos meses de 2020, mostra que também as indústrias tiveram que tirar o pé das aquisições externas.
Para o presidente da Abitrigo, “com o dólar alto, a pressão de preços dos moinhos estão no limite, já que o trigo representa aproximadamente 70% dos custos”.
Em combinação com o dólar, o resto do cenário veio pela menor oferta internacional por problemas climáticos, alguns países compondo mais trigo na ração animal para substituir parte do milho, e demanda adicionada nos tempos mais duros da pandemia para formação de estoques.
O trigo nacional que está em fase final de colheita pode aliviar alguma coisa, inclusive porque os fatores acima deixaram os produtores mais animados no aumento de área, mas a Abitrigo entende que será modesto.
O cereal daqui e negociado aqui também é praticado pelo preço de lá. Só ganha um pouco porque não tem câmbio no meio.