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Famílias ultrarricas com caixa compram mais dívida privada

04 maio 2020, 9:14 - atualizado em 04 maio 2020, 9:14
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“Temos visto muitos clientes dizendo: ‘Onde devo investir se quiser estar no mercado de dívida?’”, disse Luigi Pigorini, responsável regional para Europa, Oriente Médio e África da unidade de private bank do Citigroup (Imagem: REUTERS/Chris Helgren)

Michel Andre Heller procura emprestar quando a oferta de crédito é restrita.

O consultor imobiliário de uma família bilionária do Oriente Médio, que trabalha em Londres, negocia acordos de até 5 milhões de libras (US$ 6,2 milhões) para empreendimentos residenciais no Reino Unido e mais do que o dobro desse valor com outros investidores para propriedades maiores, como hotéis ou escritórios.

Heller destaca a expansão do mercado de dívida privada. “Do ponto de vista do family office, você não quer correr muito risco, mas ainda deseja investir capital.”

Com a turbulência causada pelo coronavírus nos mercados financeiros, family offices com dinheiro para gastar aumentam as apostas em dívida privada e posições de crédito para tirar proveito de valuations mais baratos e evitar a volatilidade dos mercados acionários.

Ao mesmo tempo, bancos centrais sustentam as economias com políticas de dinheiro barato e rendimentos negativos. Com isso, ativos antes utilizados para preservar e aumentar as fortunas das famílias se tornam menos eficazes.

“Temos visto muitos clientes dizendo: ‘Onde devo investir se quiser estar no mercado de dívida?’”, disse Luigi Pigorini, responsável regional para Europa, Oriente Médio e África da unidade de private bank do Citigroup.

Os rendimentos de dívida privada e de risco deram um salto durante a pandemia. Pesquisa realizada em março com investidores revelou a perspectiva mais pessimista sobre inadimplência desde a crise financeira de 2008.

Os mercados se recuperaram em abril, e rendimentos de títulos com categoria de alto risco, ou junk, dos EUA caíram para cerca de 8,1% em relação ao pico de 11,7% no final de março.

No entanto, o nível permanece elevado e ainda existem áreas de extremo risco em energia e varejo, sinalizando possíveis defaults.

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Horizontes mais longos

Isso pode dissuadir alguns investidores, mas poucos têm horizontes mais longos do que family offices, que visam aumentar as fortunas entre gerações e têm menos restrições do que empresas institucionais.

O número de family offices ativos em dívida privada mais do que dobrou desde 2015, segundo a consultoria Preqin.

“Os family offices foram rápidos em reconhecer até que ponto os prêmios de risco das classes de ativos haviam aumentado” devido à pandemia, disseram Jean-Damien Marie e Andre Portelli, corresponsáveis de investimentos da unidade de private bank do Barclays, em resposta por escrito a perguntas. “Eles têm atuado tanto no crédito líquido quanto no privado.”

bloomberg@moneytimes.com.br