Política

Faltou um ‘posto ipiranga’ para o presidente Bolsonaro falar de Petrobras e refino

03 mar 2021, 17:20 - atualizado em 03 mar 2021, 17:20
Refinarias PETR4
Mesmo com Petrobras e privadas, Brasil precisa importar diesel para suportar a carga de demanda (Imagem: Divulgação/Petrobras)

Não dá para se jurar que presidente Jair Bolsonaro esteja mentindo quando diz que as refinarias processam menos óleo diesel do que o necessário, exigindo que o Brasil importe mais. No mínimo, está mal informado. Faltou um “posto Ipiranga” para ele sobre esse assunto.

O Brasil refina cerca de 48 milhões de m³ anuais de diesel. E importa em torno de 25% do consumo, não contando a pandemia em 2020, quando o total chegou a 12 milhões de m³, segundo dados da Abicom (associação de importadores), como já foi tratado aqui em Money Times.

E importa porque não há capacidade de aumentar a produção, sem crise sanitária-econômica o Brasil estivesse, e porque a Petrobras (PETR4) não quer – ou não tem dinheiro – para investir em refino, inclusive com planos de privatização na área.

A estatal possui 15 refinarias. Das privadas, somente três delas refinam o diesel, a Manguinhos (RJ), a Dax Oil (BA) e a Riograndense (RS). Juntas, não chegam a 5% do que o mercado necessita.

Portanto, falar que a oferta nacional do combustível pesado não chega ao topo da capacidade porque as refinarias não querem, é o mesmo que dizer, no mínimo, que ‘sua’ própria empresa, controlada pela União, não o informa.

Pior, estaria sabotando o País, obrigando à importação de diesel num nível além da necessidade, com perdas de divisas e levando, como nas últimas semanas, à crise que se assiste desde a ameaça de greve dos caminhoneiros à nomeação do general Silva e Luna ao cargo de CEO da estatal.

Além disso, mereceria investigação por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a acusação de Bolsonaro, já que a petroleira está listada em bolsa de valores, e as informações operacionais estão em balanço.

O que é normal, segundo fontes do setor, é que neste período de achatamento do consumo em geral, a Petrobras controla a taxa de utilização de suas unidades em torno dos 85 a 90%.

Produzir nos 100% equivale a perder dinheiro, especialmente porque o processamento acaba gerando subprodutos que estão sem mercado.

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