Economia

Falta de resolução em acordo entre Mercosul e União Europeia pode ser sinal vermelho para o Brasil; entenda

09 fev 2024, 9:45 - atualizado em 09 fev 2024, 9:45
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Olaf Scholz, chanceler alemão, em encontro com Lula. A Alemanha apoia o acordo entre blocos (Imagem: PR/ Ricardo Stuckert)

O acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul começou a ser negociado em 1999, prevendo isenção ou redução na cobrança de impostos na importação entre bens dos blocos. Entretanto, ele pode estar por um fio, causando problemas ao Brasil.

Na quarta-feira (07), o vice-presidente executivo da União Europeia, Maros Sefcovic, afirmou que “as condições necessárias para a conclusão do tratado com o Mercosul não foram atendidas”.

Anteriormente, ainda em dezembro, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que houve o acréscimo de frases ao acordo, para agradar o país, mas que ele não era bom para ninguém.

Para a professora de Relações Internacionais da ESPM e especialista em União Europeia Carolina Pavese, a demora no processo é explicada pela complexidade do bloco europeu, formado por 27 países, e a falta de um calendário concreto de quando as medidas deverão ser realizadas.

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A falta de uma concretização seria negativa por mostrar uma inabilidade dos blocos em chegarem a um acordo, mostrando também um fracasso na política externa brasileira.

O que os países da União Europeia pensam sobre o acordo?

O cenário na França é acompanhado por grandes tumultos. Agricultores do país realizam protestos por entender que o acordo é prejudicial para o setor, colocando em foco as importações mais baratas dos países do Mercosul, que não precisam atender a uma série de padrões ambientais da Europa.

O movimento se estende para outros países do continente europeu, como Itália, Grécia e Bélgica, cujos agricultores lutam para que um acordo entre blocos não seja efetivado, fazendo com que os produtos europeus continuem sendo os preferidos.

Ao contrário da França, a Alemanha é um dos países que participam do bloco europeu e que apoia a união. Para o país, que é beneficiado na questão industrial, haveria um maior acesso ao mercado de países do Mercosul.

Também há o interesse de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, na concretização do acordo.

Para Demétrius Pereira, especialista em temas da União Europeia, a posição da presidente é explicada pela importância que a assinatura do acordo durante sua gestão representaria, elevando o status internacional do bloco europeu.

Quais são os benefícios e malefícios para o Brasil?

A realização do acordo seria um sucesso politicamente, por simbolizar a força do bloco Mercosul em um momento de descrença. A professora da ESPM também afirma que o acordo é importante num momento em que o Brasil quer afirmar o seu papel de protagonismo como uma liderança das Américas do Sul e Latina.

Por um lado, a concretização significaria um aumento de até US$ 3 bilhões nas exportações de produtos industrializados brasileiros nos quatro primeiros anos, de acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e de Investimentos (ApexBrasil).

Os benefícios seriam principalmente na exportação de produtos como soja, arroz, cana-de-açúcar e carne bovina. Mas Pavese ressalta que esses benefícios seriam atingidos principalmente por grandes produtores, que teriam a estrutura para atingir o acordado.

A pauta ambiental também entra na equação, com a falta de uma cláusula que coloque em foco os danos causados ao ambiente por conta de um avanço maior no agronegócio brasileiro com o contrato entre os blocos.

Já por outro, sindicatos nacionais rejeitam a proposta. Entre eles, de acordo com a BBC Brasil, está a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que entende que a oficialização colocaria em risco empregos industriais, por conta das empresas brasileiras não serem tão competitivas em relação às europeias.

“Isso é potencialmente negativo porque vai aumentar a concorrência da indústria brasileira durante um processo histórico de desindustrialização e de queda da participação da indústria nas exportações brasileiras”, afirma Pavese.

A situação é comparada com um cenário de novo colonialismo, no qual países da América Latina continuarão sendo grandes exportadores de commodities, enquanto a Europa continuaria investindo em suas indústrias.

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