Internacional

Falta de combustível causa desperdício de alimentos na Venezuela

26 jun 2020, 10:10 - atualizado em 26 jun 2020, 10:10
Venezuela
Cerca de 21% dos alimentos produzidos nos primeiros seis meses do ano não serão consumidos, de acordo com estudo coordenado pela associação de engenheiros agrícolas da Venezuela  (Imagem: Agência Brasil/ Marcelo Camargo)

Para um país à beira da penúria, a Venezuela atualmente desperdiça uma quantidade preocupante de alimentos.

Cerca de 60 mil toneladas por mês, ou 13% do consumo nacional, não estão sendo consumidas principalmente por causa da escassez de combustível que impede agricultores de coletar e distribuir alimentos, segundo dados de produtores e distribuidores.

Cerca de 21% dos alimentos produzidos nos primeiros seis meses do ano não serão consumidos, de acordo com estudo coordenado pela associação de engenheiros agrícolas da Venezuela e pela câmara de produtores de alimentos.

Embora o volume ainda esteja abaixo dos níveis em alguns países desenvolvidos, é uma estatística alarmante, já que o International Crisis Group diz que a Venezuela está à beira da penúria.

“Quando temos uma emergência humanitária complexa, cada tonelada de comida determina se alguém pode comer”, disse Saul López, que dirige a associação de engenheiros agrícolas.

O regime de Nicolás Maduro tem enfrentado falta de combustível desde março, quando a combinação de má administração de refinarias e sanções dos EUA reduziu a produção e importações de gasolina a praticamente zero.

Embora exportações do Irã tenham reabastecido postos de gasolina, a escassez causou grandes interrupções em uma já frágil rede de distribuição de alimentos.

O combustível ainda é escasso ou caro demais para que agricultores coletem e distribuam adequadamente seus produtos, disse López.

O regime de Nicolás Maduro tem enfrentado falta de combustível desde março, quando a combinação de má administração de refinarias e sanções dos EUA reduziu a produção e importações de gasolina a praticamente zero (Imagem: Divulgação via REUTERS)

A situação ameaça agravar os índices de desnutrição. Estimativas apontam que um terço da população sofre insegurança alimentar e precisa de ajuda do Programa Mundial de Alimentos.

Outros desafios – como quarentenas que impedem agricultores de chegar à capital e falta de crédito para continuar produzindo – impedem que os alimentos cheguem aos supermercados.