Economia

Faça as pazes com o seu dinheiro antes de aproveitar a melhora da economia, diz Samy Dana

08 jun 2017, 18:46 - atualizado em 05 nov 2017, 14:02

Samy

O novo livro do economista Samy Dana não veio ao mercado com o propósito de encontrar as pessoas saindo da maior recessão da história do país, mas ajuda a ser um guia para quem sofreu com a crise tire as melhores lições dessa experiência e passe a ter um relacionamento mais produtivo com o seu dinheiro.

Em Faça as Pazes Com Suas Finanças, Dana explica a grande importância de levar uma espécie de “DR” com o bolso. “A ideia é fazer tudo o que você quer, mas com limitações e melhores escolhas para que isso traga mais benefícios financeiros e prazer”, explica. O Money Times conversou com Dana sobre isso e muito mais. Confira:

Em seu livro, você divide a jornada da pessoa em passos para que ela possa entender a sua relação com o dinheiro. É importante seguir essa ordem que você sugere?

 

É uma boa seguir a ordem porque ela tem uma certa lógica. Se ela não seguir os passos, pode ainda chegar a uma conclusão muito próxima, mas é importante ir pelo caminho proposto. Dana

Esse plano também pode ser transferido para alguém que tem uma pequena empresa, por exemplo?

Sem dúvida. Tanto para os individuais como as pequenas empresas. Não dá para fazer um planejamento sem contar com a pessoa física. Isso fica muito mais importante, por exemplo, quando a vida da pessoa não está nos trilhos. Já vi casos da empresa indo bem, mas por falta de planejamento pessoal, ela acaba desidratando a empresa e o resultado é a falência.

Um dos pontos interessantes que você aborda em seu texto é sobre o sentimento de culpa. O que você quer dizer com isso?

Quando a gente lida com finanças, é um grande erro – e falo isso no livro – não perceber que estamos lidando com seres humanos e não máquinas. Por isso, precisamos de soluções viáveis com a psicologia das finanças. Muitos livros de finanças erram ao não tratar disso. Mexemos com culpa, sonhos e dificuldades. A pessoa precisa estar bem para baixar o padrão de vida e respeitar o orçamento.

Isso, de alguma forma, pode ser aplicado para o mercado de ações? É como alguém que vê as suas ações caindo, a estratégia diz que é para vender, mas continua com elas?

Tem um campo muito grande de finanças comportamentais, que abordamos pouco no livro, mas tem várias semelhanças com o comportamento dos investidores. Um dos problemas é a confiança demasiada que o leva a ir contra os indicadores.

Na contabilidade mental acontece isso também. Ela tem a estratégia – compra ou venda – e não a realiza porque está perdendo dinheiro. Mas a verdade é que ela já está perdendo.

A gente vê que em algumas sociedades a relação com o dinheiro e o patrimônio têm bastante a ver com crises ou tragédias vividas por seus países. No Japão, por exemplo, muitas famílias tendem a deixar o dinheiro fora dos bancos ou gastar pouco, o que levou a um grande período de deflação. Aqui, no Brasil, essa recessão também poderá afetar a nossa relação com o consumo?

Preferia não ter crise ou recessão, mas quando somos privados de algo, como dinheiro, liberdade, ou até de água como tivemos em São Paulo, temos um outro comportamento. Alguns hábitos, contudo, são perpetuados. A mudança com as lâmpadas, ou os banhos mais rápidos, continua. A crise não é o único meio ou solução. Esses feitos positivos são amplificados com educação e isso pode trazer informação. Acho que hoje o problema não acabou, mas está mais fácil de ser lidado, por exemplo.

O livro foi pensado para o Brasil de hoje, que sai da recessão?

Quando fizemos o livro, eu pensei em como a pessoa tem que olhar as finanças dela, na crise ou não. Não acho que não pode ir no restaurante, por exemplo, porque isso ignora o prazer que a pessoa pode ter.

A ideia é fazer tudo o que você quer, mas com limitações e melhores escolhas para que isso traga mais benefícios financeiros e prazer. Na crise, muitos ficaram estranguladas e o que puderam fazer foi apenas pagar as contas para não ficar endividado.

Agora, com a saída da crise – que depende da política – a pessoa começa a ter mais escolhas para fazer. E é essa uma maneira interessante de ver o livro. Além de ter dicas práticas, ela é como uma filosofia de finanças. Isso vale para quem ganha R$ 1.000 o um milhão de reais.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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