Fabrício Alexandre: num mundo que imprime cada vez mais dinheiro, seria o bitcoin uma boa alternativa?
Não importa qual mercado você acompanha: nos últimos dias, todos os noticiários dão grande ênfase, e com razão, à emissão de moeda fiduciária por bancos centrais e pelas maiores economias do mundo.
Ações como estímulos do banco central e gastos governamentais chegam à inimaginável soma de mais de US$ 10 trilhões. Somente nos Estados Unidos, as cifras estão perto dos US$ 6 trilhões, segundo o Business Times.
Não muitos dias atrás, em entrevista à CBS, o presidente do Federal Reserve Bank de Minneapolis disse que “há uma quantidade infinita de dinheiro no Federal Reserve, e que farão o que for necessário para garantir que haja dinheiro suficiente no sistema bancário”.
Os Estados Unidos estão, entre outras ações, despejando dólares na economia por meio de um processo conhecido como “afrouxamento quantitativo”. Essa tática já foi utilizada durante a crise de 2008, mas a diferença é que os valores envolvidos são absurdamente maiores.
As ações de impressão de dinheiro têm, como foco, combater a crise econômica que veio à tona com a pandemia do coronavírus.
Nós, brasileiros, sabemos muito bem as consequências de quando um governo opta por imprimir dinheiro como forma de financiamento próprio: para construir Brasília, o então presidente JK optou pela impressão de moeda fiduciária.
Como resultado, o país passou por períodos de forte inflação, o que durou até a implantação do Plano Real.
Com a economia de diversos países beirando a forte recessão, o momento em que vivemos pode ser interessante para que aprendamos uma importante característica do bitcoin, que por algumas vezes é deixada de lado por pessoas mais leigas.
Diferente dos exemplos que vimos dos governos e bancos centrais acima, a inflação presente no bitcoin é decrescente e previsível.
Para entender o que isso representa na prática, vamos a uma comparação mais direta: enquanto grandes potências estatais estão imprimindo dinheiro desesperadamente, o bitcoin foi programado para, com o passar dos anos, emitir cada vez menos moedas.
O sistema de extração de bitcoin tem prazo para acabar e deve deixar de acontecer pelo ano de 2140. O montante máximo de moedas será por volta de 21 milhões de unidades.
Atualmente, mais de 87% do número máximo de moedas já foi extraído. Além do mais, com o passar do tempo, a mineração se torna cada vez difícil — a cada quatro anos a recompensa pela mineração cai pela metade, num processo chamado de halving.
Hoje, temos uma média de 1,8 mil BTC sendo minerados por dia mas, em maio deste ano, quando acontecerá um halving, a emissão diária cairá para 900 BTC. Esse número se manterá até 2024, quando mais um halving acontecer e jogará a emissão de novos bitcoins para apenas 450 por dia.
Ao compararmos o sistema econômico do Bitcoin, fica mais fácil entender o motivo pelo qual também o chamamos de inflacionário, mas com taxas decrescentes. Ainda há mais um ponto interessante aqui: a rede Bitcoin não pode ser regulada ou controlada por um órgão central.
Por esse motivo, não há como um país ou uma empresa ordenar uma produção de bitcoins além daquela programada em seu código computacional. Ao contrário do Estado, que assina decretos e emite moedas, o Bitcoin vê, na tecnologia, uma proteção a favor de seu sistema financeiro.
Mas, afinal, qual a vantagem de ter uma moeda como o bitcoin em meu portfólio?
Não é difícil concluirmos que, se as moedas fiduciárias são impressas de forma cada vez mais descontrolada, podemos esperar que o preço do bitcoin, a longo prazo, deva subir.
Com uma maior oferta de dólares e uma oferta bem limitada de bitcoins, é possível enxergar um caminho de valorização para a criptomoeda.
Adiciona-se aqui, ainda, a adoção do Bitcoin que, ao longo dos anos, vem crescendo e trazendo procura por esse ativo. Repetindo: maior procura com emissão limitada de moedas tende à valorização.
Ao pensar nas altas cifras de moeda fiduciária sendo emitidas por bancos centrais, me pego, inevitavelmente, comparando esses valores com o capital total circulante no mercado de criptomoedas.
Em seu momento de euforia, em janeiro de 2018, todo o mercado de criptomoedas atingiu a marca de cerca de US$ 830 bilhões.
Hoje temos a cifra de pouco mais de US$ 200 bilhões para esse mesmo mercado.
Não é necessário uma fatia muito grande de toda essa emissão de moeda fiduciária para que as criptomoedas retomem uma direção de alta nos preços.
Por fim, deixo uma opinião pessoal, após apresentar fatos e argumentos: o mercado de criptomoedas, ao contrário do que alguns dizem, ainda está muito longe de ter alcançado seu pleno potencial.
Assim como vimos neste artigo sobre inflação e o Bitcoin, ainda existem várias outras características que fazem dessa criptomoeda uma ótima alternativa ao modelo fiduciário tradicional.
Enquanto escuto alguns especialistas alegando que a era das criptomoedas passou, percebo que está apenas começando e traz, consigo, um futuro muito promissor.
Reconheço e não escondo que o mercado de criptomoedas tem alguns problemas a serem superados, mas isso não minimiza nem desmerece seu valor.
Mas esses são assuntos para nossas próximas publicações…
Durante esta coluna quinzenal, ainda teremos a oportunidade de conversar um pouco mais sobre outras características do bitcoin e sobre outras criptomoedas.
Até a próxima!
Fabrício Alexandre é entusiasta de criptomoedas, tendo trabalhado em vários projetos Blockchain em diversas partes do mundo. Está sempre buscando oportunidades de participação de novos projetos inovadores neste setor e, atualmente, é integrante do time da Criptomaníacos.