Economia

A fábrica de alfinetes de Adam Smith

20 jan 2018, 14:09 - atualizado em 20 jan 2018, 14:09

Paulo Gala é economista e diretor geral da Fator Administração de Recursos

A divisão do trabalho, “causa do aprimoramento das forças produtivas”, aparece na obra de Smith como um dos pilares do avanço produtivo e, portanto, dos ganhos de produtividade. O famoso exemplo da fábrica de alfinetes mostra em detalhe como a especialização produtiva e a divisão de tarefas traz ganhos de produtividade.

Para Adam Smith a divisão do trabalho encontrada nas manufaturas era da maior importância para explicar os aumentos de produtividade dos trabalhadores devido a três motivos: i) aperfeiçoamento e aumento de habilidade decorrente da concentração em uma única atividade, destreza nas palavras de Smith, ii) economia de tempo relativo a mudanças de local e de atividades em casos de não divisão do trabalho, iii) mecanização do processo produtivo ou utilização de máquinas inventadas pelos trabalhadores, fabricantes de maquinas e “filósofos”.

Smith fornece contas específicas para as fábricas de alfinetes que visitou e conjectura que um trabalhador sozinho talvez fosse capaz de produzir uns 20 alfinetes por dia, ou talvez ate mesmo um só por dia se tivesse que conduzir o processo do começo ao fim. Enquanto que numa pequena fábrica de alfinetes com 10 pessoas, graças ao processo integrado de produção e a grande divisão do trabalho, um trabalhador era capaz de produzir até 4.800 alfinetes por dia na média.

Uma produtividade individual monumentalmente maior do que no caso de produção sem divisão do trabalho. Smith menciona que as atividades não são neutras do ponto de vista de potencial de geração de divisão do trabalho; umas atividades mais propícias, outras menos. Serviços não sofisticados, agricultura e recursos naturais tendem e promover menor divisão do trabalho.

Manufaturas e produtos mais complexos apresentam maior potencial de promoção de especialização produtiva e divisão do trabalho dentro das empresas e entre as empresas, especialmente aqueles produzidos em grandes redes, gerando maiores oportunidades de ganhos de produtividade. Logo os ganhos “smithianos” de produtividade não são setor neutro, dependem do tipo de atividade produtiva desenvolvida no espaço econômico em questão.

A fábrica de alfinetes de Adam Smith era antes de mais nada uma fábrica. Segundo Smith “a natureza da agricultura não comporta tantas divisões do trabalho, nem uma diferenciação tão grande de uma atividade para outra, quanto ocorre nas manufaturas” (RN pg.42). Ou ainda: “as nações mais opulentas geralmente superam todos seus vizinhos na agricultura como nas manufaturas: geralmente, porém, distinguem-se mais pela superioridade na manufatura do que na agricultura” (RN pg.43). No jargão atual, manufaturas exibem em geral retornos crescentes de escala, agricultura não.

Trechos do ótimo livro de Sophus Reinert sobre o tema:

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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