Fábio Assumpção: Fundos Quantitativos – O que é isso?
Por Fábio Assumpção, diretor de Estratégia e Produtos da Ativa
Os fundos quantitativos estão entrando na moda. São fundos que não estão sujeitos a decisões movidas às emoções dos gestores e seguem modelos estatísticos previamente testados. Dessa forma, tendem a apresentar oscilações descorrelacionadas aos fundos multimercados mais comuns.
“Mas o que é correlação?” Imagine um casal de dançarinos profissionais. Seus movimentos são tão parecidos que parecem se mover como uma só pessoa. Movimentam-se com alto grau de correlação: quando um segue para a direita, o outro também vai para a mesma direção. Já dois dançarinos principiantes, dificilmente, se movem para o mesmo lado: quando um tenta seguir para a direita, o outro não entende e vai para a esquerda. Isso pode ser muito ruim num baile, mas é muito bom quando distribuímos nossos investimentos.
Se é para diversificar em ativos que se movem juntos, é melhor simplificar e concentrar tudo no mesmo produto. É interessante, para reduzir o risco dos nossos investimentos, que optemos por bons ativos com baixa correlação entre si. Dessa maneira, quando algum deles sofrer perdas, os outros tenderão a ter comportamento diferente, afetando menos nosso patrimônio.
Algumas pessoas acham que um fundo quantitativo é uma coisa futurista, em que as máquinas analisam o mercado e tomam suas próprias decisões. Mas não é bem assim. As máquinas (no caso, computadores superpotentes) são muito importantes nesse tipo de investimento, mas seu diferencial é a capacidade de processar uma quantidade imensa de dados em uma fração do tempo que nós, humanos, levaríamos para fazê-lo em nossas planilhas de Excel e reagir a elas.
A missão de vida de um fundo quantitativo é analisar dados para encontrar comportamentos repetitivos nos preços dos ativos. Uma vez encontrados esses padrões de comportamento, inicia-se a fase de testar sua validade e, caso os testes sejam positivos, coloca-se em prática o algoritmo, outra forma de chamar esses modelos.
“Então, é como encontrar a galinha dos ovos de ouro ou o moto contínuo?” Não, infelizmente um modelo tem período de duração. A única certeza que podemos ter é que cada modelo tem um prazo. Pode até ser que este perdure por vários anos, talvez até algumas décadas, mas certamente chegará o dia em que outros gestores quantitativos também descobrirão esse padrão de comportamento e começarão a aplicar em seus fundos. Nesse momento, as distorções de preços tenderão a desaparecer e o modelo não mais será válido.
Dessa forma, podemos entender as gestoras quantitativas como um laboratório de criação constante de modelos para, após validados, serem adicionados à cesta de operações dos fundos sob sua gestão. Quanto mais modelos criados, maior será a longevidade da gestora.
Assim sendo, a grande diferença entre gestoras tradicionais e as gestoras quantitativas é que a tomada de decisão é realizada pela obediência aos algoritmos e não com base nas análises dos seus gestores. As operações respeitam dados estatísticos, não interpretações pessoais sobre o mercado. Não são melhores nem piores que os fundos tradicionais que conhecemos, são diferentes. Eles são uma opção para colocarmos parte do nosso portfólio e nos ajudam a diversificar nossa carteira.
Em abril, Flavio Terni, sócio da Visia, gestora especializada em fundos quantitativos e nossa parceira, publicou um artigo em seu blog explicando muito bem como os gestores quantitativos fazem para encontrar seus algoritmos e as estratégias mais comuns por trás dos modelos. Sugiro fortemente que, quem quiser se aprofundar no assunto, leia esse blog. Em tempo: o Flavio escreve de maneira fácil, sem utilização do “economês” que tanto dificulta o entendimento do investidor comum. Boa leitura!