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Exportações de soja e milho dos EUA se animam com retorno da China

16 mar 2023, 16:56 - atualizado em 16 mar 2023, 16:56
Milho
As vendas de milho para a China não disparavam em dias consecutivos desde maio de 2021, e o último negócio com cereal para a China antes desta semana havia sido em agosto (Imagem: Pixabay/javallma)

As perspectivas de exportação de grãos e oleaginosas dos EUA tinham começado a piorar nas últimas semanas com a queda nas vendas, mas as pesadas compras de milho pela China e até mesmo alguns negócios de soja de safra antiga rejuvenesceram um pouco o mercado norte-americano.

O Departamento de Agricultura dos EUA fez na quinta-feira seu terceiro anúncio consecutivo de vendas de milho da safra antiga dos EUA para a China, totalizando 1,92 milhão de toneladas em três dias.

As vendas de milho para a China não disparavam em dias consecutivos desde maio de 2021, e o último negócio com cereal para a China antes desta semana havia sido em agosto.

As vendas mais recentes elevam as encomendas chinesas de milho dos EUA para 2022-23 para pelo menos 6,5 milhões de toneladas até quinta-feira, uma queda de quase 50% em relação à mesma semana do ano anterior.

A China espera que suas importações de 2022-23 sejam de 18 milhões de toneladas, ante quase 22 milhões no ano anterior.

A análise dos números mostra que pode haver espaço para ainda mais negócios de milho da safra antiga dos EUA para a China, mas o resultado final dependerá fortemente da próxima safra do Brasil e do futuro dos embarques da Ucrânia.

O Brasil encerrou os embarques de milho para a China por enquanto, tendo exportado 2,2 milhões de toneladas de milho para a China entre novembro e fevereiro, incluindo apenas uma carga em fevereiro. Entre outubro e fevereiro, a Ucrânia embarcou 3,3 milhões de toneladas de milho para a China, ante 4,25 milhões no mesmo período do ano anterior, segundo dados da Refinitiv.

A China espera que suas importações de 2022-23 sejam de 18 milhões de toneladas, ante quase 22 milhões no ano anterior (Imagem: Pixabay/4125745)

A China permaneceu em silêncio sobre o conflito Rússia-Ucrânia, mas ofereceu palavras de apoio na quinta-feira para a extensão do acordo de grãos do Mar Negro, possivelmente um reconhecimento indireto da importância da Ucrânia nas importações de grãos da China.

A China está apostando em uma grande safra brasileira, tendo comprado pelo menos 1,5 milhão de toneladas para embarques a partir de julho. Isso dá à China uma opção de importação no quarto trimestre que não teve no ano passado, talvez diminuindo as necessidades de milho dos EUA, desde que a colheita do Brasil seja bem-sucedida e que os agricultores façam as vendas necessárias.

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Soja

As exportações brasileiras de soja em março devem atingir novos recordes, mas pode haver alguns empecilhos. Os navios têm enfrentado filas no segundo maior porto do Brasil, em Paranaguá (PR), devido a interrupções no tráfego e mau tempo, algo que as autoridades portuárias negaram na quarta-feira.

No entanto, o aumento da semana passada nas vendas de soja nos EUA pode validar a história do atraso brasileiro, já que a demanda por grãos dos EUA geralmente diminui à medida que a temporada do Brasil aumenta.

As vendas líquidas semanais dos EUA até 9 de março totalizaram 665.048 toneladas, a maior desde janeiro e após um cancelamento líquido da semana anterior.

Mas os enormes volumes de soja brasileira que devem chegar nos próximos meses podem deixar a China menos interessada nos grãos dos EUA no próximo ano. As vendas da nova safra dos EUA para a China totalizaram 722.000 toneladas na semana passada, não muito incomum em comparação com outros anos recentes, mas caíram 90% e 70%, respectivamente, em relação às mesmas datas de 2022 e 2021.

Karen Braun é analista de mercado da Reuters. As opiniões expressas acima são dela.