Agronegócio

Exportação de soja começa a acelerar apesar de colheita lenta

28 jan 2020, 13:19 - atualizado em 28 jan 2020, 13:19
Soja importada pela China
O volume está abaixo das 6,15 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior, mas em linha com as 4,3 milhões de toneladas em 2018, quando as exportações brasileiras de soja atingiram recorde (Imagem: REUTERS/Stringer)

A colheita de soja no Brasil começou devagar, mas não há sinais de desaceleração das exportações. A programação de embarques nos portos brasileiros sinaliza que a demanda continua forte.

Os principais portos brasileiros tinham previsão de embarcar 3,5 milhões de toneladas de soja a partir de 24 de janeiro, acima das 2,6 milhões de toneladas na semana anterior, segundo dados da agência de navegação Williams. Somando a esse número os navios que já partiram este mês, o line-up total de soja totalizava 4,2 milhões de toneladas na sexta-feira.

O volume está abaixo das 6,15 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior, mas em linha com as 4,3 milhões de toneladas em 2018, quando as exportações brasileiras de soja atingiram recorde.

Às vezes não tem a soja colhida ainda, mas o navio está nomeado”, disse Daniele Siqueira, analista da AgRural, em entrevista por telefone. “É um sinal de que a demanda está aí, mas precisa colher.”

A colheita começou mais tarde este ano devido a atrasos no plantio. Cerca de 4% da produção esperada para a safra 2019-20 havia sido retirada dos campos em 23 de janeiro, abaixo dos 13% no mesmo período de 2019, um ano de colheita extremamente antecipada, segundo a AgRural. O nível atual também está abaixo da média dos últimos cinco anos, de 5%.

A colheita mais tardia não é suficiente para desencorajar os exportadores, que confiam no rápido ritmo das máquinas no campo para cumprir os contratos.

As vendas antecipadas da nova safra são outra indicação de que as exportações brasileiras devem continuar fortes nos próximos meses, mesmo após a conclusão da primeira fase do acordo comercial entre a China e os Estados Unidos.

Agricultores brasileiros haviam vendido 43% da safra 2019-20 até 10 de janeiro, ou cerca de 53 milhões de toneladas de soja, incentivados pela taxa de câmbio e altos prêmios, segundo Luiz Fernando Roque, analista da consultoria Safras & Mercado. A grande maioria desse volume é voltada às exportações, sendo a China o principal destino.

“Estamos bem vendidos e isso é um sinal de boas exportações”, disse Roque.