Inflação

Expectativa sobre inflação na Europa cai mais rápido que preços

11 jan 2023, 10:59 - atualizado em 11 jan 2023, 10:59
Inflação
Na França, por exemplo, consumidores continuam mais preocupados com os preços do que o normal (Imagem: REUTERS/Eric Gaillard)

A inflação na zona do euro continua perto de uma máxima histórica, mas as expectativas de consumidores sobre a trajetória dos preços recuaram em grande parte para seu padrão de longo prazo.

Na Alemanha, Itália e Espanha – três das quatro maiores economias do bloco monetário – a ansiedade em relação à inflação nos próximos 12 meses está próxima ou abaixo da média desde que o euro foi introduzido em 1999, mostram dados da Comissão Europeia.

O dado é um alívio para o Banco Central Europeu, que se esforçou para manter as expectativas sobre os preços futuros sob controle e divulga nesta quinta-feira a pesquisa mensal sobre a opinião dos 350 milhões de cidadãos da região.

Mas, apesar das melhorias reveladas pela Comissão, o índice de preços ao consumidor não está nem perto da zona de conforto das autoridades monetárias.

Na França, por exemplo, consumidores continuam mais preocupados com os preços do que o normal. Esse também é o caso da Croácia, que entrou no clube do euro em janeiro.

Por essa razão – mesmo com a inflação novamente em um dígito, os preços do gás natural em queda e o alerta do BCE para uma nova baixa da renda real disponível – autoridades dizem que as taxas de juros ainda devem subir de forma significativa. Confira as expectativas para a inflação nas maiores economias da zona do euro, bem como em seu mais novo membro.

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Alemanha

Um século depois de a hiperinflação ter destruído a economia, o medo da espiral de preços ainda faz parte do DNA de muitos alemães e explica por que o nível médio de preocupação é maior do que na maioria dos países europeus.

O teto do preço da gasolina estipulado pelo governo amenizou a pressão inflacionária mais recente, quando os preços superaram 11%. E, embora essa medida seja limitada, as temperaturas excepcionalmente altas no inverno europeu também ajudam.

França

Os consumidores se beneficiaram de algumas das medidas estatais mais generosas da Europa para compensar o salto nos preços da energia. Mas a preocupação é maior neste ano, já que o governo descarta aplicar descontos na gasolina e no diesel e reduziu o teto permitido para o aumento das contas de luz residenciais.

Itália

Embora a inflação esteja entre as mais aceleradas da região, os italianos estão mais preocupados com o impacto dos juros mais altos do BCE no crescimento econômico e na capacidade do Estado de financiar sua gigantesca carga da dívida pública. O novo governo, liderado pela primeira-ministra de direita Giorgia Meloni, gastou cerca de 75 bilhões de euros para proteger famílias e empresas dos aumentos no preço da energia, o que incluiu cortes de impostos e descontos para combustíveis na bomba.

Espanha

A Espanha anunciou um novo pacote de medidas no valor de 10 bilhões de euros para segurar os preços em 2023, na esteira da rápida desaceleração da inflação nos últimos meses. Na virada do ano, o primeiro-ministro Pedro Sánchez eliminou um caro subsídio aos combustíveis, mas introduziu incentivos fiscais para produtos básicos para aliviar a inflação dos alimentos, que gira em torno de 15%. Seu governo também manteve uma série de cortes de impostos em energia e planos para pedir a Bruxelas uma extensão do teto do preço do gás para a Península Ibérica.

Croácia

A adoção da moeda comum pela Croácia este mês levou alguns varejistas e prestadores de serviços do 20º membro da zona do euro a subir os preços, o que preocupou consumidores. Na semana passada, o primeiro-ministro Andrej Plenkovic pediu que as empresas deixem os preços nos níveis de dezembro e as ameaçou com sanções não especificadas caso não sigam a recomendação.