Expansão de lucros “autoriza” alta maior da Bolsa, avalia Rio Bravo
O cenário econômico mais favorável e a consequente expansão dos lucros das empresas “autorizam” a continuidade da alta da Bolsa, avalia o gestor de renda variável da Rio Bravo Investimentos, Jorge A. Saab, em entrevista concedida ao Money Times.
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“A Bolsa pode parecer que está cara porque subiu 25% no ano, mas o que interessa é que os lucros futuros estão em crescimento”, explica Saab. Segundo ele, o recorde atingido pelo Ibovespa nesta semana é “irrelevante”, já que o Brasil mudou muito desde 2008.
“As notícias focam muito nos recordes, mas aquele recorde não importa mais. Essa ilusão monetária só confunde a cabeça das pessoas”, lembra. A Rio Bravo indica também que as suas empresas investidas, como a CCR, podem se beneficiar do momento de foco do governo em concessões e privatizações.
“Temos todos os ingredientes para que os leilões sejam interessantes e com bons retornos. A CCR é tradicionalmente racional e zela pelos retornos. É um bom veículo para surfar esse crescimento e sem destruir os retornos”, diz.
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista:
O Ibovespa atingiu novos recordes nominais. A Bolsa está cara?
Para nós o recorde é irrelevante. O Brasil mudou radicalmente nesse período. É mais um fato de curiosidade do que concreto.
De um modo geral, o país está entrando em um cenário de melhora de resultados das empresas e com juros mais baixos. Isso tem um potencial de expansão de lucros grandes, o que autoriza que a Bolsa continue subindo. Ela pode parecer que está cara porque subiu 25% no ano, mas o que interessa é que os lucros futuros estão em crescimento.
As notícias focam muito nos recordes, mas isso não importa mais. Essa ilusão monetária só confunde a cabeça das pessoas.
O Brasil está com as taxas de juros convergindo aos países emergentes. Vindo de 14% para 7% é normal que os ativos de risco sejam precificados para cima, o que também tem efeito positivo nos lucros e também incentiva os fundos de pensão, por uma questão técnica, voltem a alocar em ações. É um cenário positivo para a bolsa, não só de fundamentos, mas técnico também. Não surpreende e não é artificial.
A CCR, uma das investidas da Rio Bravo, pode ganhar com os próximos leilões de concessões anunciados pelo governo?
Este é um governo que entende mais a importância do investidor privado e que o caminho é ser amigável ao capital privado. Ele entende que isso se soma à capacidade de investir do estado, que hoje é nula. Temos todos os ingredientes para que os leilões sejam interessantes e com bons retornos. A CCR é tradicionalmente racional e zela pelos retornos. É um bom veículo para surfar esse crescimento e sem destruir os retornos.
Temos visto uma onda de novos IPOs e ofertas. Vale a pena entrar?
Passamos por um período longo de inverno no mercado de capitais brasileiro de 2012 até 2016. Se as ofertas são interessantes, ou não, isso é muito caso a caso. Historicamente não entramos em IPOs, mas nada impede que uma vez no mercado e, passado o fuzuê dos roadshows, podemos ter alternativas interessantes.
Como você viu a a temporada de balanços?
Vou falar de uma maneira geral, o que vale ressalvas porque cada setor tem uma dinâmica. Dito isto, foi uma temporada relativamente boa. Um pouco esperado, de certa forma, e o consenso de mercado foi bem em linha. O que dá para perceber é que as receitas das companhias, que caíram ininterruptamente nos últimos anos, parecem ter encontrado um piso e invertido a tendência. A derivada agora é positiva.
De um modo geral, o Ebitda está com crescimento maior do que a receita. Isso é ganho de margem. O que parece ser a melhor explicação para isso é que as empresas fizeram ajustes internos em um momento que a economia estava indo para trás conseguiram trabalhar bem da porta para dentro. Isso, no curto prazo, não traz resultados, mas em algum momento começa a aparecer.
O mercado está olhando mais para o ambiente econômico do que para as empresas?
Os mercados emergentes, de uma maneira geral, estão subindo. Ou seja, não é exclusivo daqui. A inflação e juros baixos ainda mantêm uma certa calmaria no cenário internacional. A segunda coisa é que, dentro do Brasil, temos coisas boas no nível micro das empresas e, do ponto de vista do governo, ainda que Brasília traga muitas tragédias, o governo está fazendo uma lição de casa com as privatizações.
A reforma da Previdência tinha saído completamente do radar, mas quem sabe pode voltar ao menos com a idade mínima.