Existem 181 startups para soluções cripto e blockchain no Brasil, afirma estudo
A tecnologia blockchain, conhecida por sua imutabilidade e verificação de informações, foi criada para permitir a transferência segura e inalterável de criptomoedas. Empresas, tanto internacionais como brasileiras, entendem o atrativo do blockchain e apostam nessa tecnologia.
Segundo o “Distrito Blockchain e Criptomoedas Report”, 181 startups brasileiras têm blockchain e criptomoedas como foco comercial.
Compilado por Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado da empresa de inovação aberta Distrito, e com apoio da KPMG, R3, Redpoint Eventures e Mercado Bitcoin, o relatório visa ser a fonte sobre o mercado cripto brasileiro.
De acordo com o estudo, 80% das startups que fazem uso da tecnologia blockchain surgiram nos últimos cinco anos. O levantamento divide as empresas do segmento em cinco áreas de atuação:
– serviços financeiros (49,7%), com soluções como pagamento, transferências, câmbio, negociação de ativos digitais e oferta de crédito;
– blockchain-as-a-service ou BaaS (23,2%), com a criação de plataformas para terceiros;
– segurança digital (12,7%), com recursos para o aprimoramento de processos regulatórios, como a viabilização e segurança de contratos e outros documentos digitais;
– gestão e rastreio de ativos (9,9%), com a tecnologia aplicada a localização de ativos físicos, frotas, cadeias produtivas e estoque, estabelecendo registros invioláveis e comunicação segura;
– marketing e mídias digitais (4,4%), com soluções para a prestação de serviços em marketing e no varejo, com foco na experiência do usuário.
Globalmente, desde 2015, foram investidos US$ 8,9 bilhões no setor.
No Brasil, os investimentos foram efetuados em menor escala: startups brasileiras que atuam com blockchain atraíram um total de US$ 5,8 milhões por meio de 31 aportes.
Somente nos dez primeiros meses de 2020, o montante investido no setor foi de US$ 1,6 milhão, uma alta de 62% em relação a 2019, de US$ 639 mil.
Neste ano, a rodada de “pré-seed” (período em que os fundadores da empresa estão realizando as primeiras operações) da Gávea Marketplace, startup blockchain que atua como uma bolsa digital de commodities, foi a de maior destaque, recebendo cheque de US$ 413 mil da DOMO Invest.
O maior investimento no segmento aconteceu em 2016, quando a Intelipost, empresa de tecnologia e soluções em logística, recebeu US$ 1,94 milhão da Performa em uma rodada “series A” (para otimizar sua base de usuários e sua oferta de produto).
“De maneira geral, os investimentos nas startups de blockchain estão concentrados em rodadas entre investimentos-anjo e ‘series A’, o que mostra um potencial gigantesco de crescimento desta tecnologia aqui no Brasil”, pontua Tiago Ávila, líder do Distrito Dataminer.
“Nesse contexto, não podemos esquecer também que muitas destas startups emitem sua própria criptomoeda para levantar capital. Trata-se de um recurso possível para este segmento e, talvez, tenhamos, aqui, uma explicação para o baixo volume de investimentos em venture capital”, conclui Ávila.
“O blockchain está amadurecendo rapidamente e, hoje, figura como uma solução viável para resolver diversas classes de problemas de negócios. Depois da fase de debates sobre o desenvolvimento da tecnologia e a comprovação de sua eficácia técnica, apesar de sua complexidade e escassez de profissionais no mercado, atualmente, já pode ser implementada em vários setores, com destaque para o financeiro e o de logística e rastreabilidade, por exemplo. O estudo mostrou, ainda, que trata-se de um momento de rápido avanço do blockchain, com a disponibilização de infraestrutura de serviços pré-definidos para novos modelos de negócios”, analisa Frank Meylan, sócio-líder de tecnologia, inovação e transformação digital da KPMG.
O levantamento também apresenta a distribuição geográfica das startups de blockchain pelo país.
Aproximadamente 90% delas estão concentradas nas regiões Sudeste (67,4%) e Sul (19,9%). As empresas restantes estão localizadas nas regiões Nordeste (6,1%), Centro-Oeste (4,4%) e Norte (2,2%).
Vale destacar que apenas o estado de São Paulo sedia 46,4% do total das startups deste segmento. Em seguida, estão os estados do Rio de Janeiro (13,3%), Santa Catarina (7,2%) e Paraná (7,2%).
As startups que fazem uso da tecnologia apresentam uma das maiores desigualdades de gênero no quadro societário, tipicamente liderado por homens paulistas, com 38 anos, em média.
Apenas 12,2% dos sócios destas empresas são mulheres, com proporção maior na categoria Segurança Digital (17,8%).
O estudo apresenta um panorama sobre o cenário global do setor de blockchain e, ainda, aponta as tendências nos próximos anos.
Ações voltadas à tokenização de ativos (processo de emissão de um token em blockchain que representa digitalmente um ativo real negociável), à securitização da Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) via blockchain e à governança no setor público estarão em alta, bem como a demanda por especialistas em blockchain.
O estudo indicou as dez maiores startups do setor, considerando elementos como número de funcionários, visibilidade, investimento captado e faturamento: NovaDax, Facilita Pay, Bit Capital, Intelipost, Mercado Bitcoin, FoxBit, Plataforma Verde, OriginalMy, Remessa Online e Rhizom.
O estudo destaca dez startups que têm apresentado um ritmo de crescimento acelerado, a partir da combinação dos aportes recebidos e da visibilidade que têm nas redes sociais: Contraktor, Uzzo Pay, Monnos, Maré, Ribon, 88i, Fohat, Bitfy, Moss e Pitaia Bank.
Fundado em 2014, Distrito é uma plataforma que visa ajudar projetos a se transformarem através de inovação e tecnologia. Conecta grandes empresas, startups, investidores e acadêmicos, para gerar novos modelos de negócios vencedores, mais colaborativos, eficientes, transparentes e sustentáveis.
Em parceria com 65 grandes corporações e com mais de 300 startups conectadas à sua plataforma, além de 11 laboratórios corporativos de inovação, o Distrito também mapeia mais de 13 mil startups no Brasil para gerar insights e inteligência de inovação, tendo publicado mais de 50 reports setoriais.
Em 2020, o Distrito foi eleito como o melhor hub de inovação do Brasil pelo Startup Awards, premiação da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).