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Exclusivo: Venda de imóveis rurais em leilões dispara em 2023; comercial e residencial despencam

02 dez 2023, 15:00 - atualizado em 01 dez 2023, 18:33
Radar de imóveis setor imobiliário imovel times
Alta da Selic impacta mercado de leilão de imóveis residenciais e comerciais, que vê procura média cair pelo segundo ano seguido (Arte: Giovanna Melo/Money Times)

Ter a casa própria sempre foi um sonho do brasileiro. Além disso, historicamente, investimentos em imóveis sempre estiveram em alta no país.

Em meio a alta da taxa básica de juros (Selic) nos últimos anos, ao custo alto de financiamento imobiliário e avanço nos preços dos imóveis, o sonho de comprar ou investir precisou ser adiado.

No entanto, o mercado de leilões é uma alternativa ao comprador com melhores condições de pagamento por imóveis envolvidos em imbróglios judiciais.

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Venda de imóveis recua no ano; rurais têm salto

Contudo, os juros mais altos impactaram fortemente o setor em 2023 resultando em redução nas vendas de imóveis em leilões.

“Pela medição que fazemos do mercado, identificamos essa retração de 30% em relação a 2022, no que diz respeito aos leilões extrajudiciais, aqueles que acontecem para venda de imóveis das instituições financeiras”, comenta o CEO da Resale, plataforma de leilões, Marcelo Prata, em entrevista ao Money Times.

Ao longo do ano, foi possível observar sucessivas operações de venda de imóveis comerciais e residências por bancos como Itaú, Santander e Banco do Brasil.

Entretanto, Prata destaca que a queda nas vendas de propriedades em leilão até novembro é “um olhar macro”, já que considera todas as carteiras de imóveis disponíveis na plataforma da Resale.

“Quando olhamos um recorte, por exemplo, somente de imóveis rurais, vimos um crescimento das vendas da ordem de 100% na comparação com o ano passado”, pondera.

O executivo da Resale ressalta que o mercado de leilões vem sendo impactado diretamente pelo perfil dos compradores desses ativos, no qual é majoritariamente formado por investidores.

“Há uma relação direta entre o interesse nesse tipo de ativo via a vis à rentabilidade em produtos financeiros. Diante disso, com a taxa Selic média de 2,9% em 2020, vimos o volume de interessados no mercado de imóveis de leilão crescer 1.089%. Em 2021, com a Selic média de 4,9%, o crescimento foi de 92%”, diz Prata.

Por outro lado, em 2022 e até setembro de 2023, com taxas Selic média de 12,6% e 13,6% respectivamente, o número de interessados em busca de imóveis em leilão recuou 30%, na média.

Procura por imóveis fora do Sudeste dispara

No recorte regional, o CEO da Resale destaque que, neste ano, os estados que exibiram crescimento de demanda foram São Paulo (+29%), Pernambuco (+31%), enquanto a busca por imóveis em Goiás quase dobrou (100%).

“Em Goiás, a alta foi impulsionada pela oferta de imóveis com ticket menor, oriundos do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida“, explica.

Além disso, as propriedades residenciais e comerciais foram vendidas, em média, com 59% de deságio em relação ao real valor de mercado. Por sua vez, imóveis ocupados tiveram 44% de desconto nos leilões.

Selic em queda pode aumentar vendas em 2024

Para 2024, Prata acredita que, com a continuidade da redução da taxa Selic – hoje em 12,25% -, o mercado de leilão de imóveis voltará a ficar aquecido.

O movimento pode também impulsionar a entrada de novos imóveis que ficaram represados nos processos de retomada pelos bancos durante a pandemia de covid-19.

“Temos visto o crescimento da entrada de novos compradores nesse mercado. Em grande parte impulsionada pelo acesso mais fácil a esse tipo de oportunidades em plataformas como a Resale”, observa.