Exclusivo: TBG, da Petrobras, destitui CEO implicado em esquema por delator da Lava Jato
A Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) informou nesta quinta-feira que o Conselho de Administração da empresa, por indicação da acionista majoritária Petrobras (PETR3; PETR4), aprovou a destituição do seu presidente-executivo, Ivan de Sá.
A informação sobre a saída de Sá foi encaminhada à Reuters em nota nesta quinta-feira após pedido de comentários na terça-feira sobre acusações de um delator da operação Lava Jato que apontou envolvimento do executivo em um suposto esquema de propina realizado pela trading Vitol.
A TBG, na qual a Petrobras é acionista com 51% de participação, não informou o motivo da destituição, limitando-se a dizer que a aprovação ocorreu na quarta-feira.
Sá, ex-presidente da BR Distribuidora (BRDT3), privatizada recentemente pela Petrobras, foi apontado pelo delator Carlos Henrique Nogueira Herz como um dos que participavam do suposto esquema.
No depoimento prestado no último dia 21 e obtido pela Reuters, Herz disse que o ex-gerente da Petrobras Carlos Roberto Martins Barbosa revelou-lhe que Sá seria um dos três coordenadores do suposto esquema de suborno, que seria realizado com o objetivo de obtenção de contratos mais vantajosos.
Herz não deu detalhes de como seria essa coordenação feita por Ivan, segundo o depoimento.
Em comunicado anterior à Reuters, a TBG havia dito que Sá recebeu a informação de menção do seu nome em delação com “perplexidade e indignação”.
“Repudia, com veemência, as alegações que teriam sido feitas pelo delator, as quais não passariam de meras ilações, de caráter especulativo, sem qualquer fundamento em fatos ou provas, com nítido intuito de obter benefício pessoal”, disse.
“Reforça que é funcionário de carreira da Petrobras há mais de 34 anos e sempre teve conduta ilibada, transparente, pautada em sólidos princípios éticos e nos mais altos padrões de integridade, como amplamente reconhecido por todo o mercado.”
Conforme a Reuters revelou mais cedo, Herz afirmou ter atuado no passado para facilitar acertos entre a Petrobras e gigantes empresas de trading como a Vitol e a Trafigura, que negam irregularidades.
A operação Lava Jato disse, após denunciar o esquema no final do ano passado, que os subornos citados eram rotineiros entre pelo menos 2011 e 2014.
A Petrobras disse que iniciou imediatamente investigações internas depois de conhecer o testemunho do delator e removeu funcionários nomeados no depoimento de seus cargos.
O escritório de advocacia que representa Carlos Roberto Martins Barbosa, citado no depoimento de Herz, não respondeu a uma mensagem enviada para um endereço de e-mail listado em seus documentos de registro. Um telefone listado não estava funcionando.
Barbosa havia sido acusado em dezembro pela força-tarefa da Lava Jato de supostamente pertencer a um grupo que operava o pagamento de propina a funcionários da Petrobras.