Economia

Exclusivo: Selic a 12%? Não amanhã; por que corte é difícil, segundo gestora de ex-BC

20 jun 2023, 16:35 - atualizado em 20 jun 2023, 17:32
BC
Rio Bravo vê como difícil corte da Selic na próxima quarta-feira (Imagem: Agência Brasil/Freepik – Montagem: Giovanna Figueredo)

A Rio Bravo, gestora fundada pelo ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, não enxerga o Copom cortando os juros na reunião que ocorrerá na próxima quarta-feira (21), mostra carta mensal obtida com exclusividade pelo Money Times.

De acordo com o documento, assinado por Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado da gestora, e o economista Luca Mercadante, mesmo com a inflação trilhando o caminho certo para que os primeiros cortes de juros ocorram no segundo semestre, a variação dos preços ainda se mantém distante da meta do Banco Central.

“Por isso, devemos ver uma ou duas manutenções da taxa de juros pela frente”, diz.

A gestora recorda ainda que o BC segue reconhecendo a melhora nos dados correntes de inflação, muito embora se mostre preocupado com expectativas pressionadas e com as projeções do modelo.

“As declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao longo do mês reforçaram essa percepção de que caminhamos para os primeiros cortes de juros, mas que ainda não chegamos lá”, completa.

Pressão para cortar os juros

O Copom da próxima quarta ocorre com um ‘sabor’ diferente, já que o presidente Lula tem disparado diversas críticas à condução do BC por Campos Neto, principalmente no que diz respeito à Selic em 13,75%.

Neste semana, durante a live semanal “Conversa com o presidente”, Lula disse que Campos Neto precisa explicar porque a autoridade monetária mantém os juros em 13,75%, sendo que o Brasil está com uma inflação anual de 5%.

“Apenas o juro precisa baixar, porque também não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei o porquê ele não baixa, mas ao povo brasileiro e ao Senado, por que ele não baixa [a taxa]”, disse.

Analistas dizem que as falas mais atrapalham que ajudam. Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, Lula excedeu as críticas ao juro elevado, personificando o ataque ao órgão ao direcioná-lo ao presidente do Banco Central.

“O presidente da República novamente ignora o fato de a decisão ser tomada de forma colegiada, personificando a crítica, e, além disso, a torna pessoal e não técnica, além de insinuar que outros aspectos que fogem ao técnico têm sido considerados para a condução do juro”, afirma.

Vale lembrar que Lula não pode tirar Campos Neto da presidência do Banco Central. Por causa da Lei de Autonomia, somente quem pode fazer isso é o Senado e, apenas se o líder da autoridade monetária não estiver cumprindo o objetivo de controlar a inflação. Com isso, o mandato de Campos Neto vai até 2024.

Com Juliana Américo