Exclusivo: redução de riscos pode dar espaço ao Japão para mudar orientação futura
O banco central do Japão pode ponderar uma mudança este ano em seu compromisso de manter ou cortar as taxas de juros, se o pessimismo com as perspectivas globais continuarem a diminuir, disseram fontes.
Qualquer alteração seria um sinal de que o Banco do Japão está recuando da probabilidade de expandir o estímulo em breve, disseram três fontes familiarizadas com o pensamento do banco.
“Se o crescimento econômico global mostrar sinais claros de recuperação em torno de meados do ano, pode haver espaço para debater uma modificação na orientação futura”, disse uma das fontes sob condição de anonimato por causa da sensibilidade do assunto.
O Banco do Japão disse em outubro que vai manter ou cortar sua taxa de juros ultrabaixa desde que haja riscos de que a economia vai tropeçar antes de alcançar a meta de 2% de inflação.
A medida tem o objetivo de conter as críticas de que o Banco do Japão está ficando para trás em relação a outros bancos centrais na resposta a problemas internacionais, como o conflito comercial entre EUA e China.
Agora, algumas autoridades do banco querem tornar sua orientação futura sobre juros menos vinculativa, já que os riscos externos parecem diminuir.
Não existe consenso dentro do Banco do Japão ainda, dada a incerteza sobre o cenário global e o revés no consumo em relação ao aumento do imposto sobre vendas em outubro passado.
Céticos no banco central argumentam que mudar a orientação cedo demais pode ser um tiro no pé se dados subsequentes se mostrarem fracos, forçando o Banco do Japão a fazer uma reviravolta que poderia afetar sua credibilidade, disseram as fontes.
O presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, não descartou nesta terça-feira a chance de debater uma mudança, mas colocou a barra alta demais.
“Se os riscos diminuírem significativamente e o crescimento saltar mais do que projetamos agora, uma revisão pode ser debatida”, disse Kuroda em entrevista. “Por enquanto, é apropriado manter nossa postura de política monetária com base em novas atuais projeções de crescimento e preço.”