Exclusivo: Os desafios no cenário internacional e doméstico na visão da Rio Bravo
A Rio Bravo Investimentos divulgou com exclusividade para o Money Times o relatório mensal sobre a conjuntura econômica. O consenso de janeiro da Rio Bravo aponta para um cenário desafiador tanto no âmbito interno quanto internacional.
Como ponto de partida, os desafios da política monetária não ficaram em 2022, ressaltam Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado, e Luca Mercadante, economista. Para eles, os debates acerca do aumento da taxa de juros no mundo desenvolvido parecem longe de acabar.
“No curto prazo, resta pouca dúvida de que os bancos centrais continuarão elevando os juros. As perguntas que ficam são as seguintes: até quando? e a qual ritmo?”, indagam. Eles se referem, principalmente, ao Federal Reserve e ao Banco Central Europeu.
Diante disso, Buccini e Mercadante alertam para o risco de uma recessão nas economias em horizontes mais longos. “Agora, a postura óbvia é ser duro com a inflação”, afirmam.
Desafio no cenário doméstico é outro
Esse alerta vale, inclusive, para os países emergentes. Porém, no Brasil, os maiores riscos vêm de Brasília.
“As sinalizações econômicas de início de governo seguem como um dos principais motivos de variação dos ativos”, ressaltam os especialistas da Rio Bravo. Para eles, o tímido plano de consolidação fiscal, com foco no aumento de receitas e envolto em otimismos exacerbados, não é capaz nem de cobrir o buraco criado pela PEC da transição.
“O governo Lula ainda não foi capaz de apresentar um plano crível de sustentabilidade fiscal”, avaliam. Ao que tudo indica, a vontade do novo governo parece ser de conjugar um novo arcabouço fiscal e com uma reforma tributária. “Mas as primeiras semanas de governo não permitem grandes expectativas com o que há de vir”, ponderam.
Para Buccini e Mercadante, a única notícia boa até agora no campo econômico foi o anúncio da equipe da ministra do Planejamento, Simone Tebet. “Ela se cercou dos melhores especialistas do país nas suas respectivas áreas”, avaliam. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou apenas as primeiras medidas para minimizar os efeitos negativos nas contas públicas.
Assim, toda essa incerteza é cada vez mais transmitida nas principais variáveis econômicas: IPCA, PIB e Selic. A percepção da Rio Bravo é de que as expectativas estão em sintonia com os “ruídos políticos mistos”.