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Exclusivo: Banco Inter pretende listar ações ordinárias para chegar a Nível 2 da B3

15 fev 2019, 14:46 - atualizado em 15 fev 2019, 14:57
Banco Inter traça estratégias para manter sua forte expansão na base de clientes

Mantendo o crescimento orgânico, focado na parte de melhoria dos serviços, com possível listagem de ações ordinárias, além do Home Broker gratuito. Estes são os pilares para o Banco Inter (BIDI4) – “benchmark” dos bancos digitais, segundo o BTG Pactual, – manter sua forte expansão na base de clientes.

O banco terminou 2018 com a marca de 1,45 milhão de contas, crescimento de aproximadamente quatro vezes no número de correntistas na comparação com o ano anterior

Em entrevista ao Money Times, Alexandre Riccio de Oliveira, diretor de Relação com Investidores e vice-presidente, aponta quais são as expectativas do banco para este ano, além de ponderar a questão da assimetria de informação como propulsora à portabilidade de crédito e à quebra do oligopólio existente no setor bancário do Brasil.

Money Times – Quais são as perspectivas do Banco Inter para 2019?

Alexandre Riccio de Oliveira – A estratégia é continuar com a trajetória de crescimento. O que fizemos ao longo de 2018: crescemos muito a base de clientes e colocamos produtos novos, como consórcio, seguros via aplicativos e plataforma aberta de investimentos, como se fosse uma “XP” dentro do nosso aplicativo, no qual o cliente consegue comprar CDBs de múltiplos bancos, renda fixa de diversos tipos, como CRIs, CRAs, debêntures, além de fundos de investimentos e compra de ações via Home Broker. Totalmente gratuito.

Encerramos 2018 ainda mais completos e já eramos o mais completo dentre os bancos digitais. Terminamos o ano com quase tudo o que oferece um banco tradicional, com uma única diferença: digital e gratuito.

Em 2019, vemos a oportunidade grande de ampliar o crescimento na base de clientes, com uma expansão tão boa quanto vimos em 2018, além de incremento de qualidade nos serviços prestados. Sim, é um ano de crescimento, mas também, é um ano no qual vamos entregar cada vez mais qualidade nos produtos de clientes.

Money Times – Existe taxa de corretagem no Home Broker do Banco Inter?

No Home Broker só são cobrados emolumentos da B3. Não há taxa de custódia. Não tem taxa de corretagem também.

Money Times – Então somente são cobrados as taxas padrão da B3, não existe qualquer taxa adicional?

Exatamente.

Oliveira: “Vai ser um ano em que veremos aceleração do processo de portabilidade”

Money Times – A tendência da Selic é de estabilidade ou possível corte. Como isso impacta o Banco Inter?

Juro mais baixo é bom para a economia. Tende-se a ter uma demanda por crédito maior, com redução das taxas do mercado, tanto para pessoas físicas quanto para jurídicas. O custo de captação dos bancos fica menor. Como consequência disso, além do aumento na demanda por crédito como mencionei, a gente começa a ver, entrando na questão da portabilidade, um movimento no qual as pessoas enxergam oportunidade de troca de bancos, ao fazerem a portabilidade de sua dívida em busca de taxas menores.

Vai ser um ano em que veremos aceleração do processo de portabilidade, assim como visto no último ano.

Uma das principais conquistas desses últimos três anos, quando nos tornamos um banco de varejo digital, foi uma redução grande no nosso custo de funding, deixando o Banco Inter em uma posição muito boa para atrair estes clientes em busca de portabilidade de crédito, aproveitando a Selic baixa.

Money Times – O índice de Basileia de vocês está bem alto mesmo. Em relação a estar fora do eixo Rio-São Paulo, quais são as vantagens e desvantagens?

A gente está muito em São Paulo, nossa agenda quase que semanalmente contém a capital paulista. É uma desvantagem mais de locomoção dos executivos do que necessariamente mercadológica.

Deixe-me explicar: voltando para o digital, vimos que a geografia deixou de ser um problema. O digital é de fato democrático, universal e presente no país inteiro. Temos clientes em mais de 5.300 municípios brasileiros, todos com mais de 20 mil habitantes tem ao menos um correntista do Banco Inter. O cliente consegue realizar a portabilidade de sua dívida do sofá da casa dele.

Em relação às vantagens, precisamos olhar para dentro de casa. Temos vantagens para contratação, atração de talentos, somos uma grande referência na capital mineira. Isso é um diferencial, facilita a trajetória de crescimento do banco. Às vezes, o pessoal está fora do Brasil e nos procura querendo voltar para Belo Horizonte. Isso é recorrente. Realmente conseguimos pela exposição do banco, com o IPO no ano passado, ter grande apelo no processo de recrutamento.

Money Times – Pretendem ampliar as operações de Investment Banking?

A gente já vem fazendo operações de DCM (Debt Capital Markets), estruturamos operações de CRIs, eventualmente CRAs, mais remotamente em nosso histórico temos emissão de debêntures. Oferecemos uma base alternativa de investimentos para nossos clientes diversificarem.

Não é um Investment Banking tradicional, não é um Investment Banking de operações de mercado de capitais de equities, trabalhando, por exemplo, com IPOs. É muito focado em DCM, apoiando diversas empresas, nas emissões que tem atratividade pro cliente.

Money Times – Vocês pretendem entrar no Novo Mercado da B3 em 2019?

No Novo Mercado provavelmente não, por questões regulatórias. Os bancos, pelo menos até o momento, precisam ter a figura do controlador, até por isso só o Banco do Brasil está listado no Novo Mercado, nem Itaú, nem Bradesco, ninguém entra: precisa ter a figura do controlador, e o controlador precisa ter 50% das ações ordinárias.

O que devemos ter de evolução é melhorar padrões de governança corporativa, e isso se dá através da listagem de ações ordinárias. Com as ações ordinárias podemos almejar o Nível 2 da B3.

Esse é um processo que a gente se comprometeu com os investidores à época do IPO, evolução dos padrões de governança, e estamos trabalhando para que isso aconteça esse ano. Não depende só da gente, mas faremos nossa parte.

Money Times – Qual estratégia de marketing o Banco Inter tem em mente?

Se for olhar historicamente, quebramos o nosso marketing em duas vertentes: digital e mídias tradicionais. Especificamente nas mídias tradicionais, temos o patrocínio no São Paulo Futebol Clube e no ano passado tivemos atuação mais forte em aeroportos. No digital, sempre o foco em conversão, para trazer o cliente para dentro do banco.

A mídia tradicional serve para construção de nossa marca. O São Paulo Futebol Clube tem grande importância nisso, talvez seja o time mais vitorioso do Brasil, traz credibilidade pra nossa marca, é importante no nosso mix de marketing. As ações em aeroportos, ônibus e metrôs tem importância para dar visibilidade a marca.

Para 2019, o mix de marketing é parecido, mas acho importante ressaltar: o nosso grande marketing é nosso produto. Foco no produto, foco em melhoria do produto, entregar uma experiência do cliente cada vez melhor, para que o cliente nos venda.

Nossa maior fonte de captação é o “boca a boca” de nossos clientes. Terminamos o ano com 1,452 milhão de clientes e nosso grande objetivo é que esses 1,452 milhão de clientes estejam nas ruas convencendo amigos e familiares a abrirem suas contas.

Money Times – Conte-nos um pouco mais sobre a sua trajetória profissional.

Eu sou de Minas Gerais, formei-me em Engenharia Civil na UFMG em 2003. Fui consultor de gestão no Falconi por dois anos. Posteriormente, viajei aos EUA como consultor e acabei indo trabalhar na Gerdau Ameristeel, subsidiária da Gerdau, onde fui gestor de operações. Fiquei uns anos na Gerdau e depois fui fazer MBA em Kellogg. Acabei voltando para fazer consultoria no BCG e, posteriormente, vim para o Banco Inter. Estou aqui faz seis anos.

Money Times – Para finalizar, gostaria que você explicasse um pouco mais sobre a portabilidade de crédito.

Você falou uma coisa importante, que é a assimetria de informação. Isso via de regra é muito explorado pelos bancos para aumentar a rentabilidade dele. O que nós fazemos é explorar o diferencial competitivo que nós temos pelo custo de funding e por ser um banco digital, incorrendo em menores custos operacionais, para transferir um pouco desse ganho para a sociedade.

Estes dois elementos – custos operacionais menores e custo de funding tão bom quanto dos grandes bancos – nos permitem oferecer aos clientes taxas mais baixas, aumentando nossa base de consumidores, com o reconhecimento de que os mesmos terão menor custo de dívida.

Com o passar do tempo, e a conjuntura econômica adequada, com a taxa de juros menor, os clientes vão aprendendo sobre a portabilidade. Já faz alguns anos que o Banco Central regulamentou esse processo. Estamos em uma posição muito confortável para aproveitar este momento.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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