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Mesmo com produção menor, mundo não terá onde estocar petróleo não consumido

15 abr 2020, 7:31 - atualizado em 15 abr 2020, 8:53
Petróleo
Abril será o mês mais atingido: a previsão é de que o consumo de combustível encolha quase 30%, para o nível mais baixo desde 1995 (Imagem: unsplash/@worksite)

A demanda global por petróleo deve cair 9% neste ano, um nível recorde, devido aos confinamentos para conter a pandemia de coronavírus, o que deve limitar os esforços da Opep+ para reduzir o excesso do produto no mercado, disse a Agência Internacional de Energia.

O equivalente a uma década de crescimento da demanda será eliminado em 2020, quando o consumo deve encolher cerca de 9 milhões de barris por dia, informou a agência em relatório mensal.

Abril será o mês mais atingido: a previsão é de que o consumo de combustível encolha quase 30%, para o nível mais baixo desde 1995.

Os cortes de produção acertados pelo cartel da Opep e parceiros no fim de semana devem reduzir a oferta em níveis sem precedentes no próximo mês, mas o espaço para armazenar o excedente pode se esgotar até meados do ano.

“Nunca a indústria do petróleo chegou tão perto de testar sua capacidade logística até o limite”, disse a AIE, com sede em Paris, que assessora a maioria das principais economias em política energética.

Arábia Saudita, Rússia e outros exportadores da coalizão Opep+ anunciaram que reduzirão coletivamente a produção em cerca de 10 milhões de barris por dia nos próximos dois meses. Segundo a agência, isso deve evitar uma “situação ainda mais séria do que a atual“.

Apesar dos esforços da Opep+, os estoques globais ainda acumularão 12 milhões de barris por dia no primeiro semestre, segundo a agência.

O excesso “ameaça sobrecarregar a logística do setor de petróleo – navios, oleodutos e tanques de armazenamento – nas próximas semanas”, alertou.

Embora a Arábia Saudita tenha dito que a AIE detalharia as contribuições para os cortes de produção da Opep+ de outros países produtores do G-20, o relatório publicado na quarta-feira disse que os dados ainda estão sendo elaborados.

A AIE disse que, para aliviar a pressão sobre os tanques de armazenamento, China, Índia, Coreia do Sul e EUA estão oferecendo seus estoques estratégicos para a indústria “estacionar temporariamente barris indesejados”. Os quatro países avaliam aumentar as reservas enquanto os preços são baixos.

Se essas transferências se concretizarem, podem chegar a 200 milhões de barris, removendo efetivamente 2 milhões por dia durante um período de três meses, segundo a agência.

As medidas não chegam rápido o suficiente para resgatar a indústria global de petróleo. Globalmente, empresas planejam reduzir investimentos em produção e exploração em 32% neste ano, para US$ 335 bilhões, o nível mais baixo em 13 anos, segundo o relatório.

Se essas transferências se concretizarem, podem chegar a 200 milhões de barris, removendo efetivamente 2 milhões por dia durante um período de três meses, segundo a agência (Imagem: Freepik/Kotkoa)

Perdas involuntárias no fornecimento de produtores que não fazem parte da Opep podem exceder 5 milhões de barris por dia no quarto trimestre, com impacto especialmente nos EUA e Canadá.