Economia

Ex-presidentes do Banco Central defendem reforma da Previdência

22 maio 2019, 22:10 - atualizado em 23 maio 2019, 0:25
banco central
( Imagem: Facebook oficial)

Os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn defenderam a aprovação da reforma da Previdência para a retomada da economia brasileira, mas destacaram que ela precisa vir acompanhada de outras medidas, especialmente, na área fiscal. Os três participaram de um painel no XXI Seminário Anual de Metas para a Inflação, promovido pelo Banco Central, na sede da instituição no centro do Rio.

“Isso [a reforma da Previdência] criaria espaço para que as expectativas começassem a se reverter, mas precisaria avançar na área tributária, avançar na própria lei do Banco Central e em outras reformas. Isso seria uma primeira grande reforma, mas certamente não resolve o problema”, disse Armínio Fraga ao destacar o papel do Congresso Nacional: “Me dá esperança ver o Congresso encarando a sua responsabilidade, se comprometendo com a meta de R$ 1 trilhão em dez anos para a reforma da Previdência”.

Fraga também defendeu uma revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal para resolver a situação econômica dos estados que classificou como “catastrófica”: “Esse trabalho vai precisar ser refeito. A situação dos nossos estados é catastrófica. Não adianta tapar o sol com a peneira. Isso é muito decepcionante. Foi um trabalho dificílimo feito por equipes experientes, levou muito tempo para que isso acontecesse. Foi parcialmente blindado, pensávamos nós, pela Lei de Responsabilidade Fiscal e não aconteceu nada disso”, criticou.

De acordo com Ilan Goldfajn, a aprovação da reforma da Previdência vai tirar um peso de incertezas quanto ao futuro do país, mas é recomendável vir na esteira de outras medidas. “Não podemos esquecer um outro elemento. De certa forma, o Brasil se abrir mais para o resto do mundo em termos comerciais, pode de fato nos ajudar neste aspecto. A reforma previdenciária tira peso, mas não dá para gente não olhar para outros elementos”, indicou.

São Paulo

Já para Henrique Meirelles, que atualmente, é secretário de Fazenda do estado de São Paulo, a reforma previdenciária dos estados tem que ser discutida junto com a do governo federal. Segundo Meirelles, caso isso não ocorra, São Paulo vai encaminhar à Assembleia Legislativa a sua proposta nesta área. “Esperamos que também seja feita a reforma da previdência dos estados quando se fizer a federal, incluindo os estados nas mesmas normas da federal. Essa é a melhor solução. Caso essa solução não seja endossada pelo Congresso, nós de São Paulo, pelo menos, vamos apresentar uma reforma de previdência estadual”,disse.

Meirelles acrescentou que não sabe a situação de outros estados, mas no caso de São Paulo, o governo conseguiria aprovar a reforma na Assembleia, caso seja necessário encaminhar à avaliação dos parlamentares estaduais. “Acreditamos que sim, temos condição de aprovar na Assembleia Legislativa”, contou, apesar de ponderar que a aprovação de uma reforma da previdência seja difícil em qualquer lugar do mundo, como foi na Alemanha.

Regime de metas
Para Armínio Franga, os 20 anos de implantação do regime de metas de inflação na economia brasileira comprovam que ele deu certo, mesmo tendo enfrentadocrises políticas e choques econômicos globais. “Uma grande vantagem do sistema é a sua simplicidade, a transparência que ele dá, a clareza para as pessoas de que essa é uma missão do governo, representado pelo Banco Central, com apoio de outras áreas, mas sobretudo uma coisa simples de entender”, disse o responsável pela implantação do regime de metas no Brasil.

Para Ilan Goldfajn, o regime de metas sobreviveu a três obstáculos: sua implementação; as mudanças de governos e os choques tanto no país como na economia mundial.

Roberto Campos Neto, que sucedeu Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central, agradeceu ao ex-presidente. “Queria especialmente agradecer ao ex-presidente Ilan porque deixou a casa muito arrumada. Foi uma excelente gestão”, disse Campos Neto que comparou a situação da instituição a uma prova de salto com vara: “Toda vez que eu tenho uma entrevista ou alguma coisa, as pessoas perguntam, se a barra [se referindo a um sarrafo da prova de salto com vara] está muito alta, então, muito obrigada por deixar a barra muito alta”, disse Campos Neto que comandou o painel e foi logo respondido por Goldfajn em tom de brincadeira: “Desculpe”, disse sorrindo.

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