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Ex-operador da Petrobras fecha acordo de delação premiada em caso com tradings

04 fev 2020, 17:06 - atualizado em 04 fev 2020, 17:06
Petrobras
O acordo com Berkowitz ocorre em um momento em que a investigação brasileira avança, com a aceleração do ritmo de depoimentos em tribunais (Imagem: Valter Silveira/Money Times)

Um ex-operador da Petrobras (PETR4) assinou um acordo de delação premiada com procuradores brasileiros que investigam acusações de corrupção, disseram advogados de defesa e promotores, marcando um potencial progresso em um caso que envolve algumas das maiores casas de trading de commodities do mundo.

Rodrigo Garcia Berkowitz, que atuou como trader da Petrobras em Houston até o final de 2018, quando foi acusado de aceitar propinas, chegou ao acordo em dezembro, afirmaram advogados, acrescentando que a delação foi aprovada pela Justiça no final de janeiro.

Procuradores alegaram em dezembro de 2018 que Vitol, Glencore e Trafigura, entre outras empresas de trading, pagaram dezenas de milhões de dólares em propinas a funcionários da Petrobras de 2011 a 2014, pelo menos. Em troca, essas companhias adquiriam combustíveis da estatal com descontos ou vendiam produtos à empresa com prêmios.

Dois dos advogados de defesa de Berkowitz falaram à Reuters na segunda-feira. Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) também confirmaram o acordo à Reuters, mas se recusaram a fornecer mais detalhes, afirmando que os conteúdos do termo ainda são confidenciais.

Em documentos judiciais, procuradores citaram Berkowitz, que era conhecido pelo codinome “Batman” em trocas de mensagens com alegados co-conspiradores, como um participante central do esquema de propinas, além de recebedor de subornos da Vitol.

Ele já se declarou culpado pelo crime de conspiração para lavagem de dinheiro nos Estados Unidos, onde o Federal Bureau of Investigation (FBI) iniciou uma investigação em separado sobre o assunto, noticiou a Reuters em fevereiro.

No entanto, procuradores brasileiros –com uma investigação em separado– também procuraram Berkowitz para interrogatório, afirmando em documentos que consideram seu depoimento como fundamental para a resolução do caso, considerando o papel do ex-operador na solicitação, recepção e lavagem de propinas.

Vitol, Trafigura e Glencore, que controlam juntas cerca de 10% do consumo de petróleo do mundo, disseram que estão cooperando com as autoridades e que levam a sério alegações de corrupção. A Trafigura disse ainda que qualquer sugestão de que a atual diretoria da empresa tinha conhecimento de pagamentos impróprios é incorreta.

O acordo com Berkowitz ocorre em um momento em que a investigação brasileira avança, com a aceleração do ritmo de depoimentos em tribunais, de acordo com documentos vistos pela Reuters.

Procuradores brasileiros se reuniram com Berkowitz por dois dias, em Houston, no início de dezembro, como parte das negociações para o acordo. Procuradores norte-americanos estiveram presentes aos encontros, segundo Kent Schaffer, advogado do ex-trader nos EUA. A versão foi corroborada por Jorge Luis Câmera, advogado que representa Berkowitz no Rio de Janeiro.

Schaffer disse que está à procura de um acordo mais amplo com procuradores brasileiros, que também envolveria membros da família de Berkowitz, incluindo seu pai, Paulo Cesar, acusado em 2018 de lavar os pagamentos de propinas.

Petrobras e Vitol não responderam de imediato a pedidos adicionais por comentários.