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Ex-executivo da Tesla chega ao Brasil com aposta em baterias

17 set 2019, 10:12 - atualizado em 17 set 2019, 10:12
O governo brasileiro quase não oferece subsídios para energia renovável e impõe altos impostos de importação (Imagem: Michael Buckner/Getty Images – Bloomberg)

Marco Krapels deixou a Tesla e fundou uma empresa de baterias em um local distante do rarefeito cenário de energia limpa da Califórnia: o Brasil.

Krapels, ex-vice-presidente de expansão internacional de energia solar e armazenamento da Tesla, agora comanda a MicroPower-Comerc. Com sede em São Paulo e parceria da Siemens, a empresa aposta em grandes baterias móveis para diminuir o uso de geradores a diesel durante apagões no Brasil.

Não será fácil. O governo brasileiro quase não oferece subsídios para energia renovável e impõe altos impostos de importação. Ao mesmo tempo, o mercado doméstico de grandes baterias é inexistente. No entanto, Krapels vê oportunidades em um país com uma rede de energia elétrica ocasionalmente instável e um mercado robusto para energia eólica e solar.

Em entrevista por telefone, Krapels disse que o negócio é para os “fortes” e que “há uma vantagem em ser o primeiro a entrar no mercado”.

Grande parte da matriz energética do Brasil já é livre de carbono, com cerca de dois terços da eletricidade gerada por hidrelétricas. Parques eólicos também mostraram forte expansão nos últimos anos, como em Serra Branca, na Paraíba, onde há fortes ventos. Porém, as empresas recorrem regularmente a geradores a diesel durante blecautes endêmicos em algumas regiões.

Krapels começou a explorar o potencial de baterias no Brasil quando trabalhou na SolarCity, adquirida pela Tesla em 2016. O executivo buscava um grande mercado com uma rede elétrica ocasionalmente instável e sem subsídios significativos do governo, que obrigam as empresas a depender de ciclos políticos. O Brasil cumpria todos os requisitos.

A MicroPower, fundada no ano passado, fornece sistemas de armazenamento de íons de lítio no local para grandes lojas, hotéis e outros grandes clientes comerciais e industriais que substituíram o diesel em momentos de falta de energia. Os sistemas, que pertencem e são mantidos pela MicroPower, também permitem que os clientes economizem ao armazenar eletricidade à noite, quando é mais barato, e usá-la durante o dia, quando os preços disparam. A empresa instalou sistemas-piloto em uma engarrafadora da Coca-Cola e em um restaurante do McDonald’s.

A Comerc, uma trading e gestora de energia de São Paulo, comprou uma participação não revelada na empresa há cerca de 18 meses. Em julho, o braço de investimentos da Siemens adquiriu uma fatia de 20%.

Um dos principais desafios da MicroPower é navegar na complexa estrutura tributária e regulatória do Brasil. A empresa não fabrica seus sistemas, e os impostos de importação do país respondem por cerca de 65% dos custos das baterias. Para contornar esse problema, a MicroPower estuda comprar componentes de bateria no exterior e montá-los no Brasil, disse Peter Conklin, ex-executivo da SunEdison que cofundou a MicroPower, onde é diretor de operações.

A BloombergNEF espera que a capacidade global acumulada de armazenamento de baterias suba de 29,4 gigawatt-hora este ano para 710,6 gigawatt-hora em 2029. A quantidade de armazenamento no Brasil, no entanto, é insignificante, de acordo com a BNEF. Embora investidores tenham começado a se interessar pelo mercado, as empresas de armazenamento não avançaram muito.

“Intuitivamente, parece bastante atraente combinar resiliência com vantagem econômica dentro do segmento comercial e industrial”, disse Logan Goldie-Scot, analista do BNEF. “Mas, na prática, tem sido muito difícil decolar.”

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