Evergrande: O que a falência da gigante imobiliária chinesa significa para o Brasil?
A Evergrande, incorporadora que era considerada a segunda maior imobiliária da China, decretou falência nesta segunda-feira (29). A empresa acumulava uma dívida de US$ 300 bilhões, ou R$ 1,47 trilhão, e não chegou a um acordo com seus credores estrangeiros sobre como reestruturá-la.
Apesar disso, a empresa anunciou que continuará operando. A maioria das dívidas da imobiliária diziam respeito a depósitos pagos por cidadãos chineses para a compra de apartamentos recém-construídos.
- É possível voltar a sonhar com a Magazine Luiza (MGLU3)? Varejista aprova aumento de capital privado de R$ 1,25 bilhão, e o analista Fernando Ferrer responde se notícia pode mudar o jogo para a empresa. Confira no Giro do Mercado desta segunda-feira (29):
A Evergrande tem negócios diversos, passando de carros elétricos a parques temáticos.
Mercado imobiliário chinês enfrenta crise
Em 2021, a Evergrande já enfrentava uma dívida alta, com juros acima da capacidade de pagamento. A crise da empresa foi concomitante à crise no setor imobiliário, com restrições adotadas pelo governo chinês.
A companhia utilizou um modelo que pouco tempo depois seria copiado por outras irmãs do setor: tomava empréstimos de bancos chineses e credores estrangeiros e, com o aumento da dívida, passou a vender apartamentos antes de serem construídos. Esse último fator fez com que houvesse um número maior de residências em construção, enquanto os novos empreendimentos representavam uma taxa menor.
Em 2020, a China adotou as “Três Linhas Vermelhas“, um conjunto de restrições que anunciava que as dívidas de companhias do setor não poderia exceder 70% de seus ativos, limitando a proporção do endividamento.
A medida tinha como objetivo reestruturar o setor, afetado também pelo declínio da população chinesa e consequente declínio na demanda por imóveis residenciais.
A China teve um crescimento acelerado influenciado pelo mercado imobiliário, lucrando com a venda de terrenos e com a modernização que as novas construções traziam para um país que por muito tempo permaneceu com uma base agrária.
Atualmente, 80% das famílias do país têm casa própria, com mais de 20% dos moradores de áreas urbanas possuindo mais de uma residência.
O que a liquidação da Evergrande significa para o Brasil?
Algumas das influências de uma crise no setor imobiliário chinês, evidenciada pela crise da Evergrande, para o Brasil são: menor demanda por minério de ferro, crescimento econômico desacelerado e menor consumo por parte da população chinesa.
Esse setor demanda grandes quantidades de minério de ferro, com um impacto na construção de novas residências, a commodity também seria afetada. Com uma queda na procura pelo minério, o preço cai e as receitas de empresas que exportam ferro também são afetadas.
Na segunda-feira, empresas brasileiras já estão sendo afetadas. As ações da Vale (VALE3) recuam 1,42%, Gerdau (GGBR4) 1,97%, CSN (CSNA3) 1,21%, e Usiminas (USIM5) apresenta a maior queda, de 3,05%.
As notícias não são boas para as exportações brasileiras no geral. Como o setor imobiliário gera empregos para a China, a dissolução de companhias deixaria pessoas desempregadas e influenciaria no crescimento econômico.
Com uma consequente diminuição no consumo, a China poderia deixar de importar produtos do Brasil, enfraquecendo a economia brasileira.