Eventual novo governo Bolsonaro terá mesmo programa, mas aprofundado, diz Guedes
Eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro será acompanhada do mesmo programa do atual governo, que será aprofundado, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, citando ações que ficaram travadas ou foram derrubadas durante a atual gestão.
Em evento promovido pela Associação Comercial e Empresarial de Maringá, Guedes defendeu o corte de encargos trabalhistas, citando que não avançou no atual governo a ideia de criar um imposto que permitisse reduzir esses custos.
Ele não mencionou qual seria esse tributo, mas o plano da equipe econômica previa criar um imposto sobre pagamentos aos moldes da extinta CPMF, medida que sofreu forte rejeição dentro e fora do governo.
Outra ação mencionada pelo ministro é a chamada Carteira Verde e Amarela. A medida para estimular contratações por meio da redução de encargos trabalhistas foi apresentada pela atual gestão, mas acabou derrubada pelo Congresso.
“Vamos encaminhar logo no primeiro mês do próximo governo a reforma tributária que estávamos propondo antes”, acrescentou Guedes.
A proposta tributária, segundo ele, teria os mesmos moldes do projeto apresentado no atual mandato, com redução de impostos para empresas e taxação de dividendos.
De acordo com o ministro, o governo também continuará trabalhando em defesa da venda de ativos, além da aprovação de novos marcos regulatórios para estimular o setor privado.
Inflação
Na apresentação, Guedes disse que a aprovação da autonomia do Banco Central foi importante para evitar que a alta de preços se tornasse um problema generalizado.
Ele ponderou que a inflação se tornou fenômeno mundial que atingiu o país mesmo com atuação da política monetária no Brasil.
Para ele, os juros estão relativamente elevados em termos reais e o Brasil vai derrubar a inflação antes de nações avançadas.
O IPCA deu o maior salto em 28 anos para um mês de março, segundo dados do IBGE apresentados na última semana, sob o impacto da alta dos combustíveis e com disseminação generalizada por vários grupos de produtos e serviços, atingindo 11,30% em 12 meses.
Na manhã desta segunda-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a recente alta da inflação foi uma surpresa e que está aberto para analisar o cenário se houver algo diferente do padrão.
O BC vem implementando um duro ciclo de aperto monetário para debelar a inflação, levando a taxa Selic a 11,75%, com indicação que a taxa de juros atingirá 12,75% na reunião de maio do Copom (Comitê de Política Monetária).
A estratégia pode ser revisada, com aperto adicional, conforme sinalizou Campos Neto.
Na apresentação, Guedes disse que recebeu agradecimentos recentemente de funcionários de um restaurante e um hotel porque os empregos teriam sido preservados após o governo lançar o programa que autorizou cortes de jornadas e salários.