Fruticultura

Europa corta algumas importações, mas não de frutas do Vale do São Francisco

16 abr 2020, 11:01 - atualizado em 16 abr 2020, 11:20
Uvas e mangas seguem com boa procura na Europa apesar de queda brusca na economia (Imagem: Waldo Swiegers/Bloomberg)

Para os exportadores de frutas do Nordeste a participação europeia está aquecida, o que poderia surpreender muita gente que está vendo quedas nas importações de carne bovina e farelo de soja brasileiros.

O baque da economia com a escalada da covid-19 não bateu ainda nas compras das principais frutas de mesa e só não está sendo melhor porque as chuvas estão prejudicando a qualidade das uvas do Vale do São Francisco (Pernambuco e Bahia). Outro carro-chefe dos embarques da região é a manga.

Só as exportações por avião estão sentindo o efeito da falta de espaço aéreo e poucos voos (fretes dobraram), o que não é o caso da Robinson Fresh, e de boa parte dos negociantes de frutas, que não utilizam muito esse modal. O mercado de consumo imediato (por avião) está parado.

A situação de falta de contêiner melhorou e permite embarques de manga (colhidas antes do ponto de maturação) e uvas (colhidas prontas para consumo, mas que param a maturação quando tiradas dos pés).

Não fosse os impostos móveis taxados contra o Brasil, que variam entre 1 a 3 euros por caixa, o perfil de negócios seria melhor. Peru, Chile e países da África, entre outros, não pagam a entrada no continente.

A empresa dos Estados Unidos, subsidiária da CH Robinson, opera como trading e como comercializadora exclusiva de alguns produtores, e tem aumentado seus embarques, sobretudo de mangas.

Andre Burle, executivo do grupo, começou a enviar quatro contêineres (23 toneladas cada) semanais de mangas para o porto de Roterdã – principal hub de frutas frescas da União Europeia (UE) – desde o começo de abril. É considerado volume normal, com o fechamento da janela exportadora peruana.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Preços

São mangas palmer e tommy, cotadas respectivamente em 4 euros e 3,5 euros a caixa de 4kg, com tendência a aumentar já que o Brasil vai ficando sozinho no fornecimento por enquanto. Em maio deverá começar a concorrência da manga da África do Sul, mas cujo volume a ser ofertado ainda é desconhecido.

As uvas brancas, que não têm mercado na Europa nesta época do ano, poderiam se beneficiar da saída da Índia do fornecimento, mas de acordo com Burle a qualidade impactada pelas chuvas não deixa margem a grandes volumes. O grau brix (medida para teor de açúcares) cai para 14, quando o recomendável é entre 17 e 18.

O que vai tem preços aquecidos de 14 a 15 euros a caixa de 5kg. As uvas de cor também estão com boa procura, mas a oferta nordestina é maior no segundo semestre, e o peso da share chileno é forte neste período do ano.

Vantagem adicional da Robinson Fresh é que o grupo conta com estrutura na Europa, utilizando logística e comercial próprios para redistribuir a fruticultura brasileira aos países, barateando um pouco mais os produtos, sem a margem de atacadistas locais.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Leia mais sobre: