Política

Eurasia: riscos com Brasil podem ser exagerados pelos mercados, antes da eleição

03 jan 2022, 14:48 - atualizado em 03 jan 2022, 14:48
Eleições
Segundo Bremmer, os riscos com o cenário político ao longo deste ano “podem ser exagerados nos mercados”, antes da disputa nas urnas (Imagem: Fernando Frazão/ Agência Brasil)

Presidente da Eurasia, Ian Bremmer afirmou nesta segunda-feira, 3, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “claramente favorito” na disputa presidencial deste ano.

Durante entrevista coletiva virtual, o analista notou que os mercados veem com ressalvas a possibilidade de aumento de gastos fiscais e de impostos, em um eventual terceiro governo do petista.

Segundo Bremmer, os riscos com o cenário político ao longo deste ano “podem ser exagerados nos mercados”, antes da disputa nas urnas.

Também presente no evento, o chairman da Eurasia, Cliff Kupchan, considerou que alguns investidores estão reagindo mais a manchetes do que ao quadro de fato existente no País.

Bremmer acredita que o resultado mais provável do quadro político no Brasil “é de crescimento menor, não de colapso econômico”. Ele lembrou de declarações anteriores do atual presidente, Jair Bolsonaro, questionando o sistema eleitoral e aventando eventual fraude em caso de derrota.

Para o analista, porém, o sistema político nacional é “mais do que capaz” de lidar com essa situação. Pode, contudo, haver episódios de violência em alguns Estados, considerou, mas descartando o risco de um golpe de Estado.

Em seu relatório, a Eurasia prevê que Lula adotará uma abordagem pragmática na política econômica, caso vença. A potencial escolha de um companheiro de chapa centrista, como o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, é um “sinal claro do que está por vir”, para ela. “Lula terá de entregar suas promessas por mais gastos, mas compensará com impostos mais elevados e uma nova regra fiscal”, acredita a consultoria. “Diante de uma dívida muito elevada e da carga tributária, estas não são boas notícias.

O resultado é crescimento fraco e um terceiro mandato muito difícil”, prevê. “Mas o país não está caminhando para um colapso político ou econômico.”

A Eurasia vê Bolsonaro como o provável rival de Lula em um segundo turno. Caso as pesquisas mostrem que o atual líder deve perder, ele deve intensificar ataques ao Judiciário, à imprensa e ao processo eleitoral em si.

Para a consultoria, as Forças Armadas não irão se unir a Bolsonaro em uma eventual contestação eleitoral. Em seu relatório, a consultoria não coloca o Brasil como um dos “principais riscos” de 2022, mas como um tema que será monitorado ao longo do ano.

A Eurasia vê Bolsonaro como o provável rival de Lula em um segundo turno (Imagem: Flickr/Isac Nóbrega/PR)

Questionado na coletiva sobre uma possível onda de vitórias de candidatos de esquerda na região, após a eleição de Gabriel Boric no Chile e a de Pedro Castillo no Peru, Bremer considerou que há muito mais um quadro de rechaço aos líderes até então no poder do que uma onda de volta de governos à esquerda.

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