EUA: yuan digital gera tensão em audiência sobre CBDCs na Câmara
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Legisladores concordam que os EUA estão atrasados em relação ao desenvolvimento de uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) e querem saber o que “recuperar o tempo perdido” significaria para o dólar.
Nessa terça-feira (27), em uma audiência do Subcomitê da Câmara de Subcomitê de Segurança Nacional, Desenvolvimento Internacional e Política Monetária, legisladores perguntaram aos especialistas da indústria o quão atrasados estão os EUA — principalmente em comparação à China.
Apesar do título entediante — “As Promessas e os Perigos de Moedas Digitais de Bancos Centrais”, em português —, grande parte dos legisladores usou seu tempo para questionar quão prejudicial seria para os EUA atrasarem o desenvolvimento de um dólar digital e quais elementos de um projeto iriam se beneficiar de soluções da ação pública ou do setor privado.
Os deputados Jim Himes e Andy Barr expressaram sua preocupação com a “inação”. Himes questionou se o horizonte temporal de inação faria com que os EUA perdessem “a capacidade de liderar e inovar” no setor de CBDCs.
Himes perguntou: “Seriam três meses? Três anos?”.
Embora a participante doutora Julia Coronado, fundadora da MacroPolicy Perspectives (MPP), tenha afirmado que uma contagem regressiva sobre ficar para trás seja irreal, ela destacou algumas métricas importantes:
O que eu consideraria como um sinal de que os EUA perderam o trem seria a adesão em grande escala de uma moeda digital de banco central e avanços internacionais.
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Atualmente, os únicos exemplos disso são transações interbancárias do yuan digital entre regiões como a China e os Emirados Árabes Unidos.
Barr destacou seus receios ao perguntar diretamente sobre a China: os EUA estão no caminho de ceder à vantagem competitiva da China nesse setor?
Robert Baldwin, líder de políticas da Association for Digital Asset Markets (ADAM), estava menos preocupado. Preocupações com a privacidade e a falta de controles de capital sobre a oferta da China tornariam o dólar mais atrativo a título de comparação:
Os EUA precisam alcançar o desenvolvimento da China, mas quando os EUA apresentarem sua própria alternativo, é claro que haverá um incentivo para que o sistema atual utilize um sistema desenvolvido nacionalmente.
Embora alguns tenham focado no ritmo da inovação, outros legisladores que, segundo seu histórico, sempre quiseram regulamentar blockchains, perguntaram como seria a inovação.
Alguns observadores especularam que o yuan digital da China será usado como uma ferramenta de supervisão para rastrear cidadãos. É imperativo, de acordo com alguns do Congresso Americano, que a arquitetura de um dólar digital não possua os mesmos recursos.
Por esse motivo, o deputado Tom Emmer apresentou uma solução mais favorável à privacidade:
Qualquer tentativa de criação de uma moeda digital de banco central que permita que o Fed ofereça contas bancárias ao varejo e transforme a CBDC em uma ferramenta de supervisão, capaz de coletar todos os tipos de informação sobre americanos, não faria nada além de equiparar os Estados Unidos com o autoritarismo digital da China.
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