EUA: Senado surpreende com votação para permitir testemunhas em julgamento de Trump
O julgamento do impeachment de Donald Trump teve uma reviravolta inesperada neste sábado, quando o Senado votou, por margem mínima, para permitir que testemunhas dessem depoimento sobre o papel do ex-presidente na incitação à invasão do Capitólio, que resultou em mortes, o que acabará estendendo os procedimentos.
A mudança ocorreu depois da notícia de que Trump afirmou a um líder republicano, durante o ataque de seus apoiadores, no mês passado, que a multidão estava “mais incomodada” com a sua derrota na eleição do que os parlamentares que foram obrigados a encontrar refúgio.
A votação por 55 a 45 a favor das testemunhas significa que uma decisão sobre o julgamento não deve sair neste sábado.
Antes do voto, eram esperados os argumentos finais dos parlamentares da Câmara, funcionando como promotores, e dos advogados de defesa de Trump, após uma semana de julgamento.
O senador republicano Bill Cassidy, que no começo da semana foi um dos seis de seu partido que votou pela continuação do julgamento, fez um gesto de exasperação ao ser questionado se esperava a votação de sábado sobre testemunhas.
“Shelby diz que passou por três desses e este é o mais louco”, disse, em referência ao senador Richard Shelby, cujo mandato de 34 anos inclui os julgamentos do impeachment do ex-presidente democrata Bill Clinton e do primeiro de Trump.
A votação gerou ainda mais conflito em um Senado muito dividido e pode frustrar os esforços do presidente democrata Joe Biden para confirmar membros do seu ministério e superar as controvérsias em torno do seu predecessor ao avançar com a sua agenda legislativa para a recuperação econômica e amenizar os efeitos da pandemia de Covid-19.
O Senado pareceu caótico durante e depois da votação. Senadores se agruparam em aparente confusão, e os senadores Ron Johnson e Mitt Romney travaram uma discussão acalorada.
“É mais do que lamentável”, disse Johnson, posteriormente. “Apenas inflamará a situação”.