Mercados

EUA: ritmo de retração do setor de serviços chega a nível de crise financeira de 2008-2009

24 out 2022, 12:13 - atualizado em 24 out 2022, 12:23
Apesar de queda do setor de serviços, o PMI industrial mostra indústria estável entre setembro e outubro (Imagem: Pixabay/belief33)

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços dos Estados Unidos caiu a 46,6 em outubro, de 49,3 em setembro, de acordo com o levantamento divulgado nesta segunda-feira (24) pelo S&P Global.

O PMI composto, por sua vez, que agrega as atividades da indústria e dos serviços, recuou a 47,3 em outubro, ante a marcação de 49,5 pontos feita em setembro.

A leitura abaixo de 50 pontos do PMI composto, um patamar que aponta para a contração econômica, foi  causada pela piora da atividade no setor de serviços, à medida que o PMI industrial do mês permaneceu praticamente estagnado em relação a leitura do mês anterior.

Com a exceção do período da pandemia, a taxa de declínio para o setor de serviços entre setembro e outubro foi a segunda mais rápida desde 2009, quando a economia americana enfrentava os efeitos da crise financeira do ano anterior.

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Consumo continua pressionado

O levantamento da S&P mostrou que novos pedidos entraram em território contracionista em outubro. Apesar da queda de novos negócios ter sido numericamente marginal, ela foi sentida amplamente pelos setores industrial e de serviços, com fornecedores sentido um enfraquecimento na demanda de clientes.

Os produtores de bens de consumo lideraram a queda na atividade econômica, impactados pela alta inflacionária e também pelo acúmulo de estoques mais cedo neste ano. Uma redução na demanda estrangeira também pôde ser sentida pelos setores, à medida que o avanço do dólar prejudicou a compra de produtos americanos em outras divisas.

A  inflação na ponta dos custos de produção parece ter atingido um pico neste início de último trimestre, seguindo um período de arrefecimento de quatro meses dos preços. De toda forma, o aumento dos custos permanece historicamente elevado; taxas de juros elevadas, escassez de produtos e maior folha salarial continuam sendo citados como fatores de pressão para os custos.

‘Desaceleração econômica ganha momento em outubro’

Chris Williamson, economista-chefe da divisão de negócios da S&P Global, avalia que o PMI composto e de serviços em outubro mostrou um “declínio significativo na confiança sobre as perspectivas econômicas por parte dos fornecedores”.

Ainda segundo o economista da S&P, o PMI do mês mostra que a atividade dos fornecedores está mais vinculada à vazão de produtos em estoque do que à encomenda de novos bens Essa é uma tendência “insustentável e não surpreende que as firmas estejam cortando a compra de suprimentos como forma de se preparar para a queda mais acentuada da demanda na ponta final”, explica o economista.

Figura como um dos únicos  pontos positivos dessa tendência, o maior alívio dos cadeias de suprimento e, por consequência, dos preço ao produtor.

Mercados reagem positivamente

A redução na demanda de clientes captada pelo PMI repercute positivamente em Wall Street, que procuram no dado pistas mais consistentes de uma desaceleração econômica, considerada uma condição essencial para o arrefecimento da inflação.

Para combater a inflação que supera 8,0% em 12 meses, o Federal Reserve tem imprimido um ciclo de alta de juros incomum à primeira economia do mundo.

Por volta das 12h01, o Dow Jones operava em alta de 0,89%, o S&P 500 subia 0,60% e o Nasdaq caía 0,15%.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.