Exportações

EUA preparam proibição de importações de algodão e tomate da China

09 set 2020, 9:57 - atualizado em 09 set 2020, 9:57
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A proibição à importação de algodão, tomates e a outros cinco tipos de produtos ocorre por acusações de trabalhos forçados em Xinjiang (Imagem: Reuters/Juan Carlos Ulate)

Autoridades do órgão de alfândega e proteção de fronteira dos Estados Unidos prepararam ordens para bloquear importações de algodão e produtos feitos com tomate vindos da região de Xinjiang, na China, devido a acusações de trabalho forçado, embora um anúncio formal tenha sido postergado.

Um anúncio do governo Trump inicialmente previsto para terça-feira foi adiado devido a “problemas de agenda”, disse um porta-voz do órgão estatal.

A proibição à importação de algodão, tomates e a outros cinco tipos de produtos por acusações de trabalhos forçados em Xinjiang seria uma decisão sem precedentes, que provavelmente geraria tensão entre as duas maiores economias do mundo.

A agência de fronteira pode deter embarques com base na suspeita de uso de trabalhos forçados usando antigas leis para combate ao tráfico de humanos, ao trabalho infantil e outros abusos de direitos humanos.

O governo do presidente Donald Trump tem aumentado a pressão sobre a China em relação ao tratamento dispensado aos muçulmanos uigures em Xinjiang, onde as Nações Unidas citam relatos críveis de que cerca de 1 milhão de muçulmanos mantidos em campos foram forçados a trabalhar.

A China nega que os uigures estejam sendo maltratados e diz que os campos são centros de treinamento vocacionais necessários para combater o extremismo.

O governo do presidente Donald Trump tem aumentado a pressão sobre a China (Imagem: Reuters/Yuri Gripas)

Em Pequim, nesta quarta-feira, um porta-voz do ministério das Relações Exteriores classificou a ordem como um pretexto para atingir empresas chinesas.

“Eu acho que os EUA não se importam com direitos humanos”, disse Zhao Lijian em resposta a um questionamento. “Estão apenas usando isto como pretexto para oprimir empresas chinesas, desestabilizar Xinjiang e difamar a política chinesa em Xinjiang”, disse ele em uma coletiva de imprensa.

Os efeitos das proibições podem ter um grande alcance para varejistas e produtores de roupas e calçados norte-americanos, assim como produtores de alimentos.

A China produz um quinto do algodão do mundo, a maior parte dele vindo de Xinjiang. Os chineses também são o maior importador global da fibra, comprando inclusive dos Estados Unidos.

Um comerciante de algodão baseado em Pequim disse que o impacto pode ser limitado, já que a China importa cerca de 2 milhões de toneladas de algodão e fio de algodão todos os anos, o que pode ser suficiente para fazer tecidos para os Estados Unidos sem o algodão de Xinjiang, que produz cerca de 5 milhões de toneladas.

“Se o algodão de Xinjiang for para a indústria doméstica e mercados não ocidentais, o impacto pode ser limitado, ele provavelmente pode ser digerido”, afirmou.