Economia

EUA: PIB do 4T22 reduz possibilidade de recessão ‘à la 2008’

26 jan 2023, 17:36 - atualizado em 26 jan 2023, 17:36
EUA criptomoedas
Primeira leitura do PIB veio acima do consenso (Imagem: Pixabay/heyerlein)

O crescimento de 2,9% do PIB americano no último trimestre de 2022 mostrou que a economia americana ainda resiste ao teste do aumento de juros.

O resultado foi positivamente impactado pelo crescimento no consumo de serviços das famílias, gastos públicos e investimento privado do exterior, tendo em contrapartida uma queda nas exportações e do investimento privado doméstico.

O dado ainda mostrou que a renda pessoal subiu US$ 311 bilhões no quarto trimestre, resultado superior aos US$ 283,1 bilhões do trimestre anterior. O número responde pelo aumento do rendimentos dos trabalhadores do país, especialmente no caso dos salários nominais, gastos do governo com benefícios sociais e renda auferida por aplicações financeiras.

Para Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, o impulso na renda das famílias — também como reflexo de um mercado de trabalho ainda muito aquecido — foi o grande responsável pelo PIB do trimestre, a ser ainda confirmado por mais duas leituras.

No entanto, uma queda no consumo de bens, sobretudo, daqueles de alto valor agregado sugerem que os os sinais de desaceleração da economia estão se tornando mais consistentes, à medida que o custo do crédito encarece.

“O consumo que depende mais de crédito já está sentindo o aperto nas condições financeiras, a exemplo do que ocorre no setor de housing”, complementa o economista.

PIB
Variação trimestral do PIB dos EUA [Fonte: CM Capital]

PIB do 4T22 fortalece tese de recessão ‘light’ em 2023

Entre os especialistas consultados pela Money Times, é unânime a posição de que a leitura acima da expectativa do PIB trimestral confere credenciais para a tese de que a economia americana suportará o fim do aperto monetário sem grandes traumas.

Na visão do próprio Caruso, “um soft landing pode ser possível, dado o cenário com PIB ainda forte e queda da inflação”. O economista, contudo, deixa uma pergunta em aberto,: “uma atividade econômica forte é compatível com a retomada da inflação dentro da meta?”

Já Carlos Vaz, da CEO Conti Capital, salienta que a economia americana continua sendo sustentada por um mercado de trabalho aquecido e gastos consistentes com bens e serviços: “há mesmo a possibilidade de que os EUA conquistem o famigerado pouso suave”.

Em sua análise, Vaz menciona que não espera efeitos reais do acúmulo de juros antes do segundo trimestre deste ano e que, mesmo que ocorra, uma recessão nos EUA “não será algo duradouro, ou severo, já que cada lugar e setor sentirá os efeitos disso [da recessão] de uma maneira particular, a depender da solidez e resiliência adquiridas até aqui”.

Andrew Hunter, economista sênior da Capital Economics, também embarca na tese de uma recessão moderada na metade do ano, sugerindo que uma crise financeira ‘à la 2008′ não deve ser o cenário mais provável.

Os mercados e o Fed

Os mercados acionários reagiram bem à primeira prévia do PIB trimestral americano. Ao longo do pregão, os três principais índices acionários de Nova York — com destaque para o Nasdaq — mantiveram ganhos.

Às 16h51, o Dow Jones ganhava 0,34%, o S&P 500 subia 0,73% e o Nasdaq avançava 1,26%. Os efeitos do PIB para o mercado das Treasuries são menos claros, com os rendimentos dos títulos de 10 anos (longo-prazo) apresentando um viés de alta de 0,0467 % nesta quinta-feira.

Os mercados agora aguardam a decisão do Federal Reserve, marcada para os próximos dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro. A dose de surpresa, dessa vez, será praticamente nula: em quase 100% dos cenários avalizados pelo Fed Funds, o aumento de 0,25 ponto-percentual na taxa de juros permanece.

 

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