EUA: Payroll reforça que ‘pouso suave’ está cada vez mais consolidado, dizem economistas
O payroll acima das expectativas em setembro indica um comportamento do mercado de trabalho norte-americano avesso à tendência dos últimos dois meses — quando a criação de vagas caiu mais do que o esperado.
Os Estados Unidos (EUA) criaram 254 mil vagas no mês passado e a taxa de desemprego recuou de 4,2% para 4,1%. Outro destaque é o avanço de 0,4% dos salários, mantendo a tendência de reaceleração na taxa anual, de 4%.
Os dados vão ao encontro das demais leituras de emprego dos EUA, divulgadas mais cedo nesta semana. No Jolts, o número de vagas subiu de 7,711 milhões para 8,04 milhões entre julho e agosto e, no relatório da Automatic Data Processing (ADP), os postos do setor privado foram de 103 mil para 143 mil.
O economista sênior do Inter, André Valério, lembra que o Federal Reserve (Fed) tem mostrado grande preocupação com o mercado de trabalho, cuja taxa de desemprego chegou a atingir 4,3%.
Isso, segundo Valério, deu gatilho à Regra de Sahm, que antecipa recessões na economia americana. No entanto, essa regra nunca foi ativada com pedidos de seguro-desemprego tão baixos. “Ontem, os dados de seguro-desemprego indicam que foram requeridos 225 mil novos seguros, patamar historicamente consistente com uma economia saudável”, diz.
Pelo contrário, o economista afirma que o payroll não apresenta dados que aumentem o receio de uma desaceleração aguda do mercado de trabalho. No entanto, aumenta, na margem, o risco de uma reaceleração inflacionária, com os salários em tendência de alta.
“Até a próxima reunião do Fomc teremos a divulgação do payroll referente a outubro, que, dado o resultado de hoje, será fundamental para definir o próximo passo da política monetária. Caso apresente uma leitura forte, como hoje, demandaria uma pausa para o Fed avaliar melhor o contexto atual da economia americana, sem incorrer em grande risco de reaceleração inflacionária”.
Já o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, diz que os números de hoje reforçam o cenário de que o pouso suave está cada vez mais consolidado.
No momento, os contratos de juros mostram que ampla maioria comprou as declarações do presidente Jerome Powell que sugerem mais dois cortes de 0,25 ponto percentual nos juros até o final do ano.
Após a divulgação do payroll, a parcela do mercado que espera um reajuste menos subiu de 68,1% para 89%, segundo a ferramenta CME FedWatch.