EUA: Payroll não aponta para recessão, nem demanda forte estímulo monetário, dizem economistas
Apesar de o payroll abaixo das expectativas em agosto ser uma preocupação a mais para o Federal Reserve (Fed), os economistas acreditam que o banco central deva seguir com cortes seguidos de 0,25 ponto percentual (p.p.) na taxa de juros. Além disso, eles defendem que os dados não apontam para uma recessão.
Os Estados Unidos (EUA) criaram 142 mil novos empregos e a taxa de desemprego recuou na margem, de 4,3% para 4,2%. Por outro lado, os salários aceleraram no mês passado, de 0,2% para 0,4%.
Os outros dados de emprego desta semana foram na mesma linha. As vagas abertas, de acordo com o Jolts, também foram mais fracas do que o esperado, mas com um ritmo de demissões involuntárias historicamente baixo e queda nas contratações, indicando um mercado em equilíbrio.
O economista sênior do Inter, André Valério, diz que os resultados apresentados têm “bastante nuances”, mas estão em linha com um melhor equilíbrio entre oferta e demanda por emprego.
Além disso, a média móvel de três meses do payroll desacelerou rapidamente nos últimos meses, de uma média de 200 mil empregos por mês para os atuais 117 mil. “É uma tendência que pode preocupar o Fed, mas não a ponto de demandar um forte estímulo via política monetária”, afirma Valério.
“O objetivo do Fed seria levar a economia americana para uma adição média de 200 mil empregos, vista hoje como o número que mantém a taxa de desemprego constante”, diz.
Em linha, a economista do ASA, Andressa Durão, destaca a tendência “clara” de desaceleração do mercado de trabalho dos EUA, mas também descarta uma recessão.
“A taxa de desemprego projetada pelo Fed era de 4% para o fim deste ano e de 4,2% (nível atual) para o longo prazo. Logo, haverá revisão relevante na reunião de setembro, com efeitos para as projeções de inflação a partir do ano que vem e, consequentemente, para a trajetória dos juros. O Fed pode preferir agir rapidamente no sentido de uma normalização da política monetária, diante do risco de piora adicional do mercado de trabalho.”
O que o payroll indica sobre os juros dos EUA?
Ambos os economistas acreditam que, com o cenário atual, o Federal Reserve deve iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma redução de 0,25 p.p.
O ritmo dos cortes deve seguir o mesmo, se o cenário se manter estável, avaliam Valério e Durão.
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A economista da ASA, no entanto, pondera que, se houver sinais de piora adicional no mercado de trabalho, o banco central norte-americano deve aumentar a queda dos juros.
Após o payroll de agosto, o mercado também reduziu as apostas de cortes maiores já na reunião do Fomc de setembro. Agora, 75% esperam uma redução de 0,25 p.p., enquanto uma parcela de 25% aposta em 0,50 p.p., segundo a ferramenta CME FedWatch.