Payroll frustrante: Mercado passa a temer recessão nos EUA e corte de juros parece mais provável (e maior)
O mercado começou a temer uma eventual recessão nos Estados Unidos (EUA), após os dados bem abaixo do esperado do mercado de trabalho de julho. Segundo o payroll, divulgado na manhã desta sexta-feira (02), foram criadas 114 mil vagas no mês, frente à expectativa de 175 mil postos.
As vagas e o desemprego piores do que o projetado e a desaceleração dos ganhos salariais mostram que o mercado de trabalho é cada vez menos um vetor de preocupação inflacionária, avalia o estrategista-chefe da Avenue, William Alves.
“Esses fatores trouxeram a perspectiva de que o mercado de trabalho está em desaceleração, tendo entregado a maior taxa de desemprego desde outubro de 2021. Após fortes dados no início do ano temos visto um abrandamento da economia americana e alguns agentes do mercado começam a temer uma recessão”, afirma.
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O mercado ajusta a expectativa em relação à possibilidade de um corte mais agressivo de juros em setembro. Antes do Payroll, o mercado esperava uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), mas, agora, 68,5% apostam em um corte 0,50 p.p., segundo o CME FedWatch Tool.
O estrategista da Avenue diz que a reação é “normal”, ainda que prematura. “A possibilidade de um corte em setembro parece cada vez mais real e provável, especialmente em um cenário onde aquele que é um dos principais mandatos do Fed – a estabilidade do mercado de trabalho – mostra sinais de enfraquecimento”, diz.
“A mudança de direção na política monetária é agora cada vez mais certa”, reitera.
Impacto do payroll nos mercados
Com o enfraquecimento do mercado de trabalho e desaceleração mais forte da economia, reforçando as expectativas de cortes de juros, os yields dos títulos norte-americanos cedem. Os juros do título de 10 anos caíam 3,89%, às 12h (horário de Brasília).
O mercado de ações opera em forte queda nesta manhã, mas também é impactado pelos resultados das companhias no segundo trimestre de 2024 (2T24). A Nasdaq recuava 3,14%.
O economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, diz que, em conjunto com a divulgação de resultados das gigantes de tecnologia abaixo do esperado, crescem os temores de que uma deterioração da atividade econômica possa já estar em curso.
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“Desde ontem, os mercados reagem negativamente, amplificando o clamor daqueles que defendem que o Fomc já deveria ter iniciado o ciclo de cortes nas taxas de juros. A ansiedade até a próxima reunião promete ser alta e divergências serão formadas nas apostas sobre intensidade e velocidade nos ajustes futuros de política monetária”, diz.
“A única certeza é que a volatilidade continuará a comandar o jogo”, ressalta.
Em linha, o índice dólar se desvaloriza cerca de 1%. Entretanto, contra o real, opera em leve alta.