EUA notificam OCDE que priorizarão candidatura do Brasil
Os Estados Unidos decidiram dar prioridade à candidatura brasileira à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), revertendo uma promessa anterior de primeiro apoiar a Argentina.
A nova posição dos EUA foi comunicada ao conselho da OCDE nesta quarta-feira na sede do órgão, em Paris, segundo três fontes com conhecimento do assunto.
A reunião do conselho terminou sem que o tema fosse aprofundado, segundo uma das fontes.
O governo norte-americano já havia avisado ao governo brasileiro e ao Secretário-Geral da OCDE, Angel Gurria, sobre a mudança.
A Casa Branca não respondeu a pedidos de comentário e a OCDE preferiu não comentar.
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje a repórteres em Brasília que o Brasil está vencendo resistências e, se dependesse do colega Donald Trump, já seria membro pleno da OCDE, uma espécie de clube de países mais desenvolvidos.
O apoio norte-americano ao Brasil havia sido inicialmente anunciada com estardalhaço por Trump na presença Bolsonaro durante declaração à imprensa em Washington em março do ano passado.
Mas o apoio de Washington foi colocado em dúvida alguns meses depois, quando uma carta do Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, se tornou pública.
No documento endereçado ao secretário-geral da OCDE, os EUA diziam apoiar apenas os pedidos de acesso da Argentina e da Romênia e se recusavam a iniciar debate qualquer outra candidatura.
Após a carta ser publicada, Trump reiterou que os EUA continuavam apoiando a candidatura brasileira. Mas o apoio norte-americano não havia sido oficialmente comunicado à OCDE.
O episódio foi citado por críticos do governo Bolsonaro como evidência de que a política de alinhamento automático ao governo Trump não estava dando frutos ao Brasil.
O Secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, disse em entrevista que o apoio dos EUA à candidatura do país para a OCDE é uma conquista maior para laços mais estreitos entre as duas administrações.
“Grande acordos comerciais do futuro não são sobre tarifas e cotas, são sobre padrões. E a OCDE é uma fábrica de padrões, além de ser um clube de elite”, afirmou.