Internacional

EUA e China planejam conversar sobre acordo após ameaça de Trump

07 maio 2020, 7:43 - atualizado em 07 maio 2020, 7:43
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante evento na Casa Branca
Trump culpou a China por enganar o mundo sobre a escala e o risco da doença e até ameaçou mais tarifas como punição (Imagem: REUTERS/Tom Brenner)

Os principais negociadores de comércio da China e Estados Unidos devem conversar na próxima semana sobre os avanços na implementação do acordo da fase 1, depois que o presidente Donald Trump ameaçou “encerrar” o pacto caso Pequim não esteja cumprindo os termos.

O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, vai participar da teleconferência, segundo pessoas a par do assunto. Os EUA serão representados por Robert Lighthizer, disse uma das pessoas.

Será a primeira vez que Liu e Lighthizer conversarão oficialmente sobre o acordo desde a assinatura em janeiro, pouco antes de a pandemia de coronavírus atingir as duas maiores economias do mundo e abalar as cadeias de suprimentos globais. Sob os termos do acordo, Liu e Lighthizer precisariam se reunir a cada seis meses.

Portanto, a teleconferência agendada para a semana que vem acontece um pouco antes do previsto.

Trump também parecia sinalizar que algo estava sendo planejado quando na quarta-feira disse a repórteres na Casa Branca que em até duas semanas informaria se estava satisfeito com o andamento do acordo comercial.

No domingo, em resposta a uma pergunta de um empresário que disse estar perdendo dinheiro com as tarifas, Trump destacou que as taxas resultaram em promessas da China de comprar US$ 250 bilhões em produtos dos EUA.

“Agora eles precisam comprar”, disse o presidente. “E, se não comprarem, encerramos o acordo, muito simples.”

De acordo com o texto do acordo assinado no início deste ano, a China concordou em comprar outros US$ 200 bilhões em bens e serviços dos EUA em dois anos em comparação com os níveis de 2017.

China Eua
Trump destacou que as taxas resultaram em promessas da China de comprar US$ 250 bilhões em produtos dos EUA (Imagem: REUTERS/Yuri Gripas)

As compras até agora estão atrasadas em relação à meta de aumento de US$ 76,7 bilhões no primeiro ano, já que as importações dos EUA caíram 5,9% nos primeiros quatro meses de 2020 em relação ao ano anterior devido ao surto de coronavírus. Como as importações em 2019 foram menores do que 2017, a pressão para recuperar o atraso aumenta.

O governo de Pequim planeja mostrar aos EUA que se esforça para cumprir os compromissos, apesar de o vírus atrasar algumas metas, disse uma das pessoas.

Por exemplo, algumas medidas que reforçam a proteção à propriedade intelectual precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional do Povo, que foi adiado de março para o final deste mês.

O Ministério do Comércio da China não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as negociações. O Escritório do Representante de Comércio dos EUA também não respondeu às perguntas enviadas por e-mail após o horário comercial.

As relações entre os dois países se deterioraram ainda mais desde que os Estados Unidos se tornaram uma das nações mais atingidas pelo coronavírus. Trump culpou a China por enganar o mundo sobre a escala e o risco da doença e até ameaçou mais tarifas como punição.

O Ministério das Relações Exteriores da China, por sua vez, acusou algumas autoridades norte-americanas de tentar “transferir a própria responsabilidade pela má condução da epidemia para outros”.

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