Internacional

EUA e aliados anunciam mais sanções contra Rússia, mas reservam ações mais duras

23 fev 2022, 12:23 - atualizado em 23 fev 2022, 12:23
Petróleo
Os preços do petróleo caíram em relação às máximas de sete anos de terça-feira, uma vez que ficou claro que a primeira onda de sanções provavelmente não afetaria o fornecimento da commodity (Imagem: REUTERS/Sergei Karpukhin)

Os Estados Unidos e seus aliados divulgaram mais sanções contra a Rússia nesta quarta-feira por causa do reconhecimento por Moscou de duas áreas separatistas no leste da Ucrânia, ao mesmo tempo em que deixaram claro que estão mantendo medidas mais duras na reserva no caso de uma invasão em grande escala pelos russos.

As sanções da União Europeia que entram em vigor nesta quarta-feira adicionarão a uma lista negra todos os membros da câmara baixa do Parlamento russo que votaram pelo reconhecimento das regiões separatistas da Ucrânia, congelando seus bens e proibindo viagens.

O Reino Unido seguiu os Estados Unidos ao anunciar novas restrições que proíbem a Rússia de emitir novos títulos em seus mercados.

As medidas seguem as ações anunciadas na terça-feira, incluindo o congelamento da aprovação de um novo gasoduto russo pela Alemanha e a imposição de novas sanções dos EUA aos bancos russos.

Mas nenhuma das medidas anunciadas até agora visa diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, ou espera-se que tenham graves consequências de médio prazo para Moscou, que tem mais de 630 bilhões de dólares em reservas internacionais.

Os preços do petróleo caíram em relação às máximas de sete anos de terça-feira, uma vez que ficou claro que a primeira onda de sanções provavelmente não afetaria o fornecimento da commodity.

Países ocidentais temem que a Rússia planeje uma invasão total da Ucrânia depois que Putin anunciou na segunda-feira que estava reconhecendo duas pequenas regiões controladas desde 2014 por separatistas vistos pelo Ocidente como representantes de Moscou. Putin também assinou um decreto permitindo que forças russas fossem enviadas para lá.

Washington descreveu as ações da Rússia como o início de uma “invasão”, mas como o ataque militar em massa que eles previram não se materializou, tiveram que calibrar sua resposta.

“Haverá sanções ainda mais duras a oligarcas-chave, a organizações-chave na Rússia, limitando o acesso da Rússia aos mercados financeiros, se houver uma invasão em grande escala da Ucrânia”, disse a secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss.

Ela anunciou planos para impedir a Rússia de emitir novas dívidas externas em Londres, uma medida tomada anos atrás pelos Estados Unidos. Moscou disse que responderia emitindo qualquer nova dívida localmente em rublos por enquanto.

Alguns líderes ocidentais enfrentaram críticas em seus países pela resposta até agora. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi ridicularizado no Parlamento quando anunciou a lista negra de três bilionários que já estavam sob sanções dos EUA há anos e cinco bancos obscuros. Os líderes dizem que as sanções mais sérias precisam ser mantidas de reserva para impedir um ataque maior.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Estado de Emergência 

Putin tem cerca de 190.000 soldados perto das fronteiras da Ucrânia, segundo estimativas dos EUA.

Sinais mais ameaçadores apontavam para uma possível guerra: Moscou anunciou que começou a retirar seus diplomatas de Kiev, enquanto a Ucrânia declarou estado de emergência de 30 dias e anunciou o recrutamento de homens em idade de combate.

Putin tem cerca de 190.000 soldados perto das fronteiras da Ucrânia, segundo estimativas dos EUA (Imagem: Sputnik/Evgeniy Paulin/Kremlin via Reuters)

O Exército ucraniano disse que um soldado foi morto e seis ficaram feridos no aumento de bombardeios por separatistas pró-Rússia usando artilharia pesada, morteiros e sistemas de foguetes Grad nas duas áreas separatistas nas últimas 24 horas.

Novas imagens de satélite mostraram várias novas tropas e equipamentos no oeste da Rússia e mais de 100 veículos em um pequeno aeródromo no sul de Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, segundo a empresa norte-americana Maxar.