EUA: CPI pavimenta aperto mais ‘light’, mas Fed continua querendo juros acima de 5%
Mesmo que dentro do consenso, a leitura da inflação dos EUA gera reação volátil nesta primeira metade do pregão em Nova York.
Por volta das 12h45, o Dow Jones subia 0,34%, o S&P 500 ganhava 0,07% e o Nasdaq recuava 0,91%, alterando o curso positivo em relação à pré-abertura.
A reação cambaleante dos mercados acionários vem à reboque da fala do presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Patrick T. Harker, que, ao comentar sobre a inflação, ratificou a projeção de juros terminais acima de 5%. Segundo ele, “os juros precisam estar cima de 5%, mas não muito acima deste nível”.
O comentário de Harker toca em um ponto sensível aos investidores — a realidade de juros altos por uma maior duração como caminho necessário para a convergência da meta inflacionária.
A possibilidade de juros mais altos, por mais tempo, corrigiu para cima a expectativa de rendimentos dos títulos da dívida pública dos EUA (Treasury notes), promovendo uma queda dos preços para os títulos disponíveis.
Por volta das 12h30, as T-notes de 10 anos (longo prazo) rendiam 3,531%, de 3,541% na véspera; já as T-bills de 2 anos (curto prazo) tinham rendimentos de 4,169%, de 4,2280% da véspera.
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de moedas fortes, apresenta queda de 0,22%, aos 102,68 pontos.
CPI de dezembro é sinal verde para aumento de 0,25 ponto percentual em fevereiro
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,1% em dezembro, fazendo a inflação dos EUA encerrar 2022 em 6,5%. O núcleo da inflação, por sua vez, que desconta itens voláteis como alimentos e energia, veio levemente abaixo do esperado, aos 5,7%.
Como põe a Capital Economics, a leitura foi ajudada por uma queda de 9,4% do preço da gasolina e um aumento de 0,3%, mais modesto, de alimentos. A instituição considera ainda como um leve “desvio” a vinda de um aumento de 0,8% nos aluguéis, contrapondo a perspectiva de redução dos preços de novos inquilinos. Ainda assim, a previsão é que tais medidas comecem a desacelerar em breve.
Renato Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, avalia que “a expectativa agora é de que o Fed suba juros em 25 pontos-base nas duas próximas reuniões, o que é bem visto pelo mercado.”
De fato, a alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, o que elevaria o juros básico dos EUA para a faixa de 4,50-4,75%, é dada praticamente como certa pelas instituições financeiras depositárias do Fed Funds.
As apostas cravam 93% de chances para que o cenário mais moderado ocorra no dia 1 de fevereiro, dia da decisão da autoridade.