Economia

‘Eu indico o presidente do Banco Central para o Brasil, não para o mercado’, diz Lula

26 jun 2024, 11:32 - atualizado em 26 jun 2024, 11:47
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Lula concedeu entrevista para o portal UOL, onde falou sobre Banco central, taxa Selic e postura do mercado financeiro. (Foto: Reuters/Adriano Machado)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não definiu quem substituirá Roberto Campos Neto na direção do Banco Central e afirmou que o nome escolhido será alinhado com os planos do governo para o Brasil e não para agradar o mercado financeiro.

“Eu não indico um presidente do Banco Central para o mercado, eu indico um presidente do Banco Central para o Brasil. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil e o mercado, seja ele o mercado financeiro, empresarial ou o produtivo, ele vai ter que se adaptar a isso. E obviamente que todos nós temos em mente que o Brasil vá bem, que a inflação esteja bem, que o crédito esteja bem”, disse em entrevista ao portal UOL, nesta quarta-feira (26).

Ao ser questionado sobre Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, ser o cotado para o cargo, Lula afirmou que não está pensando nisso ainda, mas elogiou o direto do BC ao dizer que ele “conhece muito do sistema financeiro” e que é “um companheiro altamente preparado”.

Galípolo esteve no Palácio do Planalto, na terça-feira (25), para reunião com Lula e Fernando Haddad sobre a adoção da meta contínua.

Valer lembrar que os nomes do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, também surgiram como opções para o cargo de presidente do BC nos últimos dias.

Banco Central: Lula volta a questionar Selic em 10,50%

O presidente aproveitou a ocasião para voltar a questionar a taxa básica de juros. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou pela manutenção da Selic no patamar de 10,50% ao ano, mesmo após Lula criticar duramente a política monetária adotada.

“Não venham com chorumelas para mim, porque eu fui presidente oito anos. O [Henrique] Meirelles tinha total autonomia. Eu não preciso de uma lei para dizer sobre autonomia, eu tenho que respeitar o poder do Banco Central. A pergunta que faço é: o Banco Central tem de manter a taxa a 10,5% com inflação a 4%?”, questiona.

Lula ainda disse que “não é culpa do Banco Central”, mas sim da estrutura que foi criada que determina que o BC só cuida da inflação. Para ele, a autoridade monetária deveria ter um plano de metas de crescimento. Ele ainda afirmou que são os empresários que deveriam reclamar dos juros.

“É preciso que os empresários do setor produtivo, a CNI, a Fiesp, ao invés de reclamar com o governo, deveriam fazer passeata contra a taxa de juros, porque são eles que estão tendo dificuldade. São eles que não conseguem crédito, não é o governo”.

Sobrou até para a Faria Lima

Lula ainda criticou a postura do mercado em relação ao governo e indicadores econômicos.

“O mercado sempre precifica desgraça. Está sempre trabalhando para não dar certo, está sempre torcendo para as coisas serem piores do que são na verdade. A economia vai crescer mais do que todos os especialistas falaram até agora”, afirmou.

Segundo ele, se fala muito em macroeconomia, mas existe uma microeconomia no país que atende milhões de pessoas.

“Você acha que na Faria Lima tem alguém que quer mais bem ao Brasil do que eu? Que tem mais interesse de melhorar a vida do povo do que eu? Quando eles estão discutindo aumento da taxa de juros, eles estão pensando no cara que está dormindo embaixo da ponte, que está dormindo na sarjeta, que está morrendo de fome? Eles pensam no lucro, e o Brasil precisa de alguém que pense no povo”.

Confira a entrevista do presidente na íntegra

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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