Etiópia utiliza drones para garantir segurança alimentar
Um ex-analista do JPMorgan está usando drones e satélites para aumentar as exportações agrícolas da Etiópia e melhorar a segurança alimentar de um país que já foi sinônimo de fome.
O segundo país mais populoso da África ainda enfrenta desafios para obter alimentos. Mas, agora, a Agência de Transformação da Agricultura do governo, sob o comando de Khalid Bomba, quer ampliar o alcance da agricultura comercial e segurança alimentar em um prazo de 20 anos. A agência se espelha em iniciativas adotadas na Coreia do Sul e Taiwan.
“A razão pela qual o setor agrícola da Etiópia não se desenvolveu é porque não alavancamos a tecnologia”, disse Bomba, 51 anos, que trabalhou uma década no JPMorgan, tanto em Wall Street quanto em Londres, e depois na Fundação Bill & Melinda Gates, onde coordenou doações no setor agrícola.
No país de 108 milhões de pessoas, a agricultura representa 45% da economia, 80% do emprego e 75% do total das receitas de exportação. A agricultura de subsistência, pequenas áreas de cultivo e acesso limitado a fertilizantes ainda desafiam agricultores.
O café, que teve origem na Etiópia, e as oleaginosas são os dois principais produtos exportados pelo país, tendo somado US$ 1,2 bilhão no ano encerrado em 7 de julho de 2019. Além de ser o maior produtor de café da África, o país também exporta rosas e legumes.
“O maior desafio que a Etiópia enfrenta agora é uma população numerosa e crescente, que continuará aumentando a demanda por alimentos e empregos”, disse Nega Wubeneh, assessor da Alliance for a Green Revolution na África. “Apesar das melhorias na produtividade das culturas, a produção ainda está abaixo das médias globais e do potencial agronômico.”
Compras com drones
A agência de Bomba usa mapeamento de solo por satélite, ligações gratuitas, drones e uma consultoria interna para ajudar os agricultores.
Os potenciais clientes podem ampliar o mapa da Etiópia, procurar uma fazenda por área e mercadoria, assistir a um vídeo feito com um drone para avaliar as condições da produção e contatar agricultores diretamente para comprar as colheitas. Os pequenos agricultores foram agrupados para que cultivem a mesma cultura usando os mesmos métodos.
“É mais fácil encontrar um mercado para 200 hectares de lavoura do que meio hectare”, disse Bomba sobre os grupos, que produzem trigo, milho, gergelim, cevada, frutas e hortaliças. O projeto planeja dobrar a renda de 5 milhões de agricultores em cinco anos, disse em entrevista em seu espaçoso escritório em Addis Abeba.
A agência também visa melhorar o acesso a sementes e aumentar o uso de fertilizantes. O OCP Group, de Marrocos, comprometeu-se a construir uma fábrica de fertilizantes de US$ 3,7 bilhões, com inauguração prevista para 2023.
Infraestrutura
A média para o consumo de fertilizantes por hectare é de 140 kg. Na Etiópia, o uso é um décimo disso, de acordo com o Banco Mundial. No Quênia, os agricultores usam em média 36 kg de fertilizante por hectare.
“Queremos garantir que a percepção das pessoas dos anos 80, de seca e fome, seja substituída pela percepção de uma Etiópia que é segura para os alimentos. Um país que se alimenta e alimenta outras partes da África”, afirmou Bomba.