Ethereum: polêmico mecanismo “ProgPow” volta ao debate
Historicamente, o mecanismo ProgPow tem sido um ponto de discórdia na comunidade Ethereum.
ProgPow é um algoritmo proof-of-work (PoW) criado para preencher a lacuna de eficiência disponível para ASICs (circuitos integrados de aplicação específica). Utiliza quase todas as partes dos hardwares de commodity (GPUs, ou unidades de processamento gráfico) e vem pré-ajustado para o hardware mais utilizado na rede Ethereum.
A contínua tensão entre os que são antiASICs e aqueles que encontraram um problema com a proposta resultou em um longo debate há alguns meses, que terminou com muitas acreditando que ProgPow estava oficialmente fora de cogitação.
Mas ProgPow ainda não está morto. A proposta conhecida como EIP-1057 conseguiu uma forma de ressurgir na pauta dos desenvolvedores principais na semana passada, após o veterano desenvolvedor Greg Colvin querer fornecer algumas atualizações sobre o progresso recente do ProgPow.
Após a videoconferência entre desenvolvedores, Colvin também destacou que a maioria dos clientes Ethereum já implementou o EIP-1057 e que “mineradores, pools e corretoras já estão prontos para utilizá-lo”.
EIP-1057 has been Accepted by the #Ethereum Core Devs and implemented by major clients. The miners, pools, and exchanges are ready to deploy it. In the normal course of action we continue testing and roll it out. We have reached no consensus to do otherwise. pic.twitter.com/uLIOpM1fWd
— Greg Colvin (@greg_colvin) April 25, 2020
O anúncio não foi bem-recebido e alguns novamente questionar o processo de governança da Ethereum. Porém, essas preocupações possam ter sido prematuras.
Em uma videoconferência na última sexta-feira, dia 1º de maio, Colvin mencionou que, embora “não haja uma decisão bem-aceita” sobre o ProgPow, ele parece ser a favor da “Proposta de Compromisso” de Ben DiFrancesco.
Em um alto nível, essa proposta sugere que clientes implementem EIP-1057 (uma nova versão, 0.9.4, sendo desenvolvido), mas não ativem a mudança de programação a menos que a comunidade a aprove.
As condições que justificariam a ativação do ProgPow no futuro ainda são relativamente desconhecidas (imagine-o como um mecanismo antifalhas contra uma bifurcação proveniente de ASICs ou uma grande reorganização).
Porém, todos os envolvidos concorda que não existe um consenso definido para ProgPow, e as equipes de clientes, principalmente Gnosis, que agora gerencia o cliente Open Ethereum, gostaria de ver um forte apoio da comunidade antes mesmo de considerar uma implementação na rede principal.
@StefanDGeorge clarifying @gnosisPM and @OpenEthereumOrg's position: while Gnosis is opposed to ProgPow, he wants OE to follow what the community consensus is. Regarding ProgPow, he says there is no clear community consensus.
— Tim Beiko | timbeiko.eth (@TimBeiko) May 1, 2020
ProgPow é a proposta mais mal vista que, por algum motivo, não some. A boa notícia é que equipes de clientes e desenvolvedores parecem gostar da Proposta de Compromisso de DiFrancesco.
Embora não livre a Ethereum do ProgPow completamente, está evitando quaisquer implementações imediatas da rede enquanto mantém (a maioria das) tensões sob controle.
A governança da Ethereum é bem bagunçada e as discussões sobre o ProgPow expõem suas atuais fraquezas. Talvez esse dilema que dura meses pode resultar em um método mais eficaz de comunicação entre desenvolvedores e comunidade.
Na videoconferência da última sexta-feira, Péter Szilágyi, desenvolvedor da Ethereum, acrescentou não ver vantagens técnicas de implementação do ProgPow na rede principal. Ele destacou que ProgPow poderia até atrapalhar o desempenho, mesmo que levemente.
@peter_szilagyi, speaking for himself, he says there is no technical advantage for ProgPow. He says blocks will take longer to verify under PP and doesn't see a technical reason for it to be deployed on mainnet, while highlighting the philosophical concerns are another thing.
— Tim Beiko | timbeiko.eth (@TimBeiko) May 1, 2020
Assim, ProgPow possui poucos benefícios, além de agir como um possível obstáculo para um ataque de 51% proveniente de ASICs, que já podem resultar num custo altíssimo.