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Ethereum: “hard fork” Istanbul é confirmada para dezembro

21 nov 2019, 9:22 - atualizado em 31 maio 2020, 11:26
“Hard fork” é uma birfurcação drástica, em que o protocolo da rede é mudado radicalmente, tornando os blocos anteriores inválidos e as transações válidas, ou vice-versa (Imagem: Facebook/Ethereum)

Os desenvolvedores da Ethereum irão usar a atualização muito aguardada: a hard fork (birfurcação drástica) chamada Istanbul no dia 4 de dezembro. Istanbul promete tornar a rede mais rápida, mais barata e mais eficiente.

Os críticos da Ethereum levantaram a voz nos últimos meses, acusando os desenvolvedores de propagar uma narrativa promissora de “computador mundial” e depois falhando em fornecer aplicações prontas para o mercado. Mas isso pode mudar.

Em dois tuítes postados na semana passada, o desenvolvedor principal da Ethereum Peter Szilágyi disse que a muito esperada hard fork (bifurcação drástica) chamada Istanbul vai iniciar no bloco número 9069000 a ser minado no dia 4 de dezembro.

As correções da rede contidas na Istanbul são um marco no planejamento da escalabilidade da Ethereum, e promete tornar o blockchain mais rápido e mais barato de usar sem sacrificar o princípio de descentralização.

Porém, os planos de atualização ambiciosos atraíram críticas. Alguns acionistas devem tomar cuidado ao fazer mudanças radicais a uma rede de blockchain de US$ 20 bilhões que já contém centenas de projetos.

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Uma hard fork (“bifurcação drástica”) requer que todos os nós e usuários atualizem para a versão mais recente do software do protocolo (Imagem: Facebook/Ethereum)

O caminho para Ethereum 2.0

A bifurcação da Istanbul é a primeira de duas grandes atualizações da rede planejadas para os próximos seis meses que irão apresentar Ethereum 2.0, também conhecida como Serenity.

Essas atualizações consistem de 14 Propostas de Melhoramento da Ethereum (EIP, do inglês Ethereum Improvement Proposals), reduzidas de outras 38.

Seis das propostas serão implementadas na primeira parte da Istambul, em dezembro, e as outras oito, que ainda precisam ser deliberadas pelos desenvolvedores, foram adiadas para a Istanbul parte dois, Berlin, agendada para janeiro de 2020.

Quando as atualizações estiverem completas, espera-se que a Ethereum se torne significativamente mais rápida e vai depender de um algoritmo de consenso proof-of-stake para validar as transações em vez do proof-of-work.

Istanbul estabelece a base para essa transição e apresenta muitos recursos novos: funcionalidade para sharding (partição de dados) de produtos, o que vai melhorar a velocidade e taxa de transferência das transações na Ethereum; medidas para reduzir o custo de gás; melhoria na interoperabilidade do blockchain com a moeda privada Zcash; e contratos inteligentes que permitem funções mais criativas.

Ethereum oferece muitas novas funcionalidades, mas críticos se preocupam com as questões de custo e privacidade (Imagem: Facebook/Ethereum)

Propostas controversas

EIP 1884 é a mudança mais polêmica e vai tornar o custo de recuperação de dados na Ethereum mais caro do que antes.

O aumento nas taxas é para assegurar o blockchain de possíveis ataques de spam, que podem sobrecarregar a rede e gerar atrasos aos usuários.

No entanto, alguns desenvolvedores de dapps (aplicações descentralizadas) sugerem que irão enfrentar aumento no custo de transações e interrupção desnecessária.

Aragon, plataforma de gestão descentralizada, disse que a atualização foi um “escolha infeliz”, pois quebraria 680 contratos inteligentes na plataforma.

Em uma publicação formulada durante a quinta edição da conferência DevCon, em Osaka, Vitalik Buterin, fundador da Ethereum, deu uma resposta a essas preocupações.

Fundador da Ethereum, Vitalik Buterin, tentou acalmar os ânimos daqueles preocupados com as mudanças no custo (Imagem: Youtube/ConsenSysMedia)

“Se você é um desenvolvedor, você pode eliminar a maior parte da interrupção das mudanças no custo de gás ao ter certeza que você não crie aplicações com tamanhos altos de prova, ou seja, meça o total de compartilhamento de armazenamento + contratos + código de contrato acessado em uma transação para ter certeza de que não está muito alto”, escreveu Buterin.

Outras propostas foram mais bem-vindas, como a EIP 1108, que inclui reprecificar a aritmética da curva elíptica pré-compilada na Ethereum.

Essa atualização visa ajudar a escalabilidade e beneficiar os protocolos de privacidade construídos na Ethereum ao otimizar os pagamentos de gás e tornar ZK-SNARKs (argumentos de conhecimento sucinto não interativos de conhecimento-zero) e outras aplicações privadas, como Zether e AZTEC, mais baratas de se usar na Ethereum.

Entretanto, as propostas mais polêmicas da atualização foram reservadas para Instanbul parte dois: Berlin.

Essas incluem EIP 1057, também conhecida como ProgPoW, que vai tornar a Ethereum resistente a ASIC (circuito integrado de aplicação específica) ao substituir a função de proof-of-work Etash.

Essa mudança pode ser popular em fazendas de mineração de GPU, mas já gerou dúvida dos críticos que questionam por que o algoritmo proof-of-work está sendo alterado pouco antes de uma transição planejada para proof-of-stake.

Outras preocupações, incluindo a componibilidade, que é descrita por Buterin como “a capacidade de diferentes aplicações conversarem entre si facilmente”, e possíveis problemas de segurança na construção de uma ponte entre dois blockchains foram apresentados em uma série de quatro postagens escritos por Vitalik durante a conferência anual de desenvolvedores da plataforma, DevCon.

Buterin disse que a componibilidade vai permanecer “amplamente” intacta e que enquanto uma ponte segura unilateral entre dois blockchains pode ser possível, é improvável que a complexidade de uma ponte bilateral seja desenvolvida pois poderia gerar um risco na segurança.

Enquanto a atualização é um grande passo na direção certa, Buterin também avisou que Ethereum 2.0 talvez funcione como seu próprio blockchain separado por anos antes de poder ser integrado completamente com Ethereum 1.0.