Ethereum (ETH): Uma espiada no possível ‘fork’ liderado por mineradores da criptomoeda
Na próxima semana, Ethereum (ETH) concluirá “The Merge” – atualização que mudará o mecanismo de consenso usado, de proof-of-work (PoW) para proof-of-stake (PoS) – para ajudar a rede a ter mais eficiência energética.
A atualização é resultado de anos de desenvolvimento e conta com o apoio da comunidade da Ethereum. Apesar do entusiasmo em relação à aposentadoria do mecanismo PoW na rede, nem todos estão felizes com a chegada de The Merge.
Um grupo de mineradores da Ethereum está planejando fazer uma bifurcação (“fork”, em inglês) do blockchain, em que a atualização nunca seja implementada e, portanto, possa continuar as operações de mineração do ETH.
É importante ressaltar que o blockchain bifurcado – que manteria o mecanismo proof-of-work – funcionaria de modo independente do blockchain da Ethereum, que continuará como proof-of-stake após The Merge.
Embora um comunicado oficial sobre o fork não tenha sido feito ainda, vale dar uma olhada em detalhes centrais que poderão acontecer na rede bifurcada.
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Planos para fork da Ethereum
A discussão sobre o fork liderado por mineradores começou em julho, quando Chandler Guo – um influente minerador cripto chinês – propôs a bifurcação no blockchain da Ethereum, que criaria “ETH PoW”, a versão bifurcada da rede.
“Já bifurquei a Ethereum antes e bifurcarei novamente”, escreveu ele no Twitter.
Guo afirmou que o fork permitiria que mineradores continuassem as operações mesmo após a transição da rede, ao invés de serem forçados a migrar para outros blockchains proof-of-work.
Guo e seus apoiadores – os quais se mantiveram majoritariamente anônimos – estão supostamente trabalhando para bifurcar a rede da Ethereum. Segundo uma publicação em blog pela equipe de ETH PoW, o fork poderá acontecer em setembro, por volta do mesmo período de The Merge, que deve ser concluído até 20 de setembro.
Recentemente, a equipe de ETH PoW comentou como havia começado a se preparar para a bifurcação. A equipe teria ajustado o software de cliente Geth para remover a “bomba de dificuldade”.
Esse mecanismo foi configurado por desenvolvedores centrais da Ethereum para tornar mais difícil a mineração de blocos, prevenindo mineradores de interromperem The Merge.
Além disso, a equipe de ETH PoW lançou uma rede de testes, chamada Iceberg, para testar o código da bifurcação. O time também criou uma identificação (ID) do blockchain e servidores para procedimento de chamada remota (RPC) para aplicativos de frontend funcionarem e se conectarem ao blockchain bifurcado.
A equipe afirma ter adicionado proteção contra replay, reduzindo o risco de transações aplicarem igualmente nos dois blockchains – Ethereum original e ETH PoW – algo que era considerado um grande risco à segurança.
O que acontecerá com os tokens?
Caso a bifurcação aconteça, qualquer pessoa que tenha tokens no blockchain da Ethereum terá uma versão dos tokens nos dois blockchains.
Isso não significa que os tokens teriam valor idêntico – eles podem até mesmo não valer nada em um dos blockchains. E isso também inclui tokens não fungíveis (NFTs).
A rede bifurcada – ETH PoW – conterá todos os contratos autônomos copiados da rede principal no momento da bifurcação, a qual, na prática, pode permitir que desenvolvedores recriem aplicações com base na Ethereum.
Porém, o fork não trará nenhum desenvolvedor que construiu as aplicações, nem eles estarão lá para mantê-las. Isso levantou preocupações de que quaisquer forks na Ethereum terão poucas chances de sucesso.
“Se a Ethereum bifurcar, o ‘estado’ da Ethereum não será transferido junto [à rede bifurcada]. É provável que cada stablecoin e aplicação DeFi no fork falhe imediatamente”, disse o cofundador de Compound, Robert Leshner, no Twitter.
Além disso, muitos projetos já anunciaram que não irão apoiar a rede bifurcada da Ethereum.
Emissores de stablecoin – Tether, Circle e Frax Finance – disseram que não apoiarão ETH PoW. Essas empresas afirmaram que suas stablecoins não serão emitidas nem resgatáveis no blockchain proof-of-work.
A principal plataforma de comercialização de NFTs – OpenSea – também disse que não planeja acomodar o fork ETH PoW. A empresa confirmou que NFTs presentes na rede bifurcada não serão atendidos pela plataforma.
Um comentário semelhante foi feito por Yuga Labs, estúdio criador de Bored Ape Yacht Club. O criador da coleção de NFTs disse que não reconheceria versões copiadas de seus NFTs no fork ETH PoW.
“Alinhado à ampla comunidade da Ethereum, no caso de um possível fork PoW, Yuga pretende reconhecer somente NFTs no blockchain PoS de ETH”, comentou Yuga Labs.
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O que dizem negociadores?
Se a versão bifurcada da Ethereum se tornar realidade, o token nativo de ETH PoW – ETHW – precisará ser listado em corretoras de criptomoedas. No mês passado, Poloniex e MEXC tornaram-se as primeiras corretoras à vista a listar o token de ETH PoW, na forma de tokens IOU.
Tokens do tipo IOU (da expressão “I owe you”, ou “eu devo a você”, em tradução livre) permitem que usuários comprem, vendam e reservem o token nativo de um blockchain que ainda não foi lançado.
Atualmente, o token IOU de ETH PoW está sendo negociado em torno de US$ 35, um valor que poderá ser totalmente diferente do valor à vista do ativo, quando este for lançado.
Empresa de negociação de balcão, Paradigm estimou que o token do fork da Ethereum será negociado a US$ 18 ou 1,2% do preço de mercado do ETH após o lançamento. Nesse preço, ETH PoW teria uma capitalização de mercado de US$ 2,1 bilhões.
Outros negociadores começaram a tomar ETH emprestado, esperando que possam repagar o valor após a bifurcação e vender qualquer valor dos tokens de ETH PoW – caso haja algum.
O cenário resultou, no entanto, em protocolos de empréstimo cripto, como Aave, a terem discussões para pausar a concessão de empréstimos de ETH até após o fork – para tentar dissuadir essa estratégia.
Segundo uma discussão da comunidade, a tomada de empréstimos excessiva pode levar a um uso em excesso de depósitos de ETH, que podem impactar a saúde do protocolo.
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