CryptoTimes

“Ethereum (ETH) ainda está muito subprecificado”, diz analista

20 jul 2022, 16:11 - atualizado em 20 jul 2022, 16:16
Ethereum
Ethereum pode ter “pullback” antes que suba novamente de forma mais acentuada (Imagem: Unsplash/DrawKit Illustrations)

O Ether (ETH), criptomoeda nativa da rede de contratos inteligentes da Ethereum, já acumulou uma valorização semanal de quase 50%, até ontem, enquanto o Bitcoin (BTC) acumulou alta de pouco mais de 10% no mesmo período. O criptoativo saiu de um patamar de US$ 1 mil para US$ 1.600 em menos de uma semana.

Além do alívio vindo do Federal Reserve – que afastou a possibilidade de alta de um ponto percentual (pp) na reunião da semana que vem – analistas atrelam o salto da Ethereum à atualização da rede.

O The Merge, como é chamado, fundirá a rede principal da Ethereum à uma camada de consenso – a “Beacon Chain” – que utilizará prova de aposta (PoS) como algoritmo de consenso da rede.

Desenvolvedores da rede afirmaram na última semana que a atualização deverá chegar ao blockchain principal no dia 19 de setembro. Antes, em 11 de agosto, a atualização será conduzida na rede de testes final, a Goerli.

As atualizações consistem em realizar a fusão da Beacon Chain (camada de consenso) em três redes de testes.

A primeira e a segunda – Ropsten e Sepolia, respectivamente – já foram devidamente atualizadas. Em seguida, a atualização será implementada na Goerli e depois na rede principal da Ethereum. 

Além das redes de testes, alguns shadows forks – redes bifurcadas a partir da original – foram atualizadas e mostraram sucesso no processo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Beacon Chain aumenta a cada dia

Conforme o explorador de blocos da Beacon Chain, a rede conta com 409.568 validadores ativos, 13.106.065 Ethers em “stake” e uma média de 33,67 Ethers por validador ativo.

Dessa quantia, segundo o gráfico da Dune Analytic, 65,13% está sendo feito por meio de piscinas de staking. Desse grupo, mais de 90% são realizados através da Lido Finance – protocolo de staking líquido.

Como funciona o staking na rede Ethereum?

(Imagem: Dune Analytics/Reprodução)

O último caso de “Slashing” – retirada de Ethers do validador como forma de punir uma atividade mal-intencionada na rede – ocorreu há 11 horas atrás. O validador tinha 35,01 ETH em seu balanço.

Alta infinita ou apenas “Hype”?

Não é apenas ansiedade do mercado, ao menos para Rony Szuster, especialista em criptoativos do Mercado Bitcoin.

Ele confirma que muito da valorização do Ether vem das novidades acerca do The Merge. Algo que, segundo Szuster, fica ainda mais claro quando observado o descolamento em relação ao Bitcoin – que valoriza muito menos que o Ether.

“No saldo geral, ainda vejo o Ethereum muito subprecificado”, diz. “Quando pensamos em valores absolutos de crescimento fica mais claro. Observamos uma alta de 60% no Ether, mas após uma queda de 70%, o que não iguala os valores de antes”, explica Szuster.

Para o analista, ainda tem um espaço muito grande para que o Ether fique, ao menos, no mesmo patamar de sua máxima histórica de quase US$ 4 mil.

“As implicações do The Merge são muito mais profundas do que está atualmente precificado. O fato de tornar o ativo deflacionário e diminuir a quantidade de energia necessária para usar a rede é muito mais forte do que essa subida de 60%”, explica.

No entanto, ele avalia que é possível haver um “pullback”, antes que o Ethereum suba novamente de forma mais acentuada.

“É um sinal de que o mercado está descobrindo o The Merge após definirem uma data para ele”, conclui.

O que mais se discute agora é se o fundo do poço foi alcançado, avalia Valter Rebelo, analista de criptoativos da Empiricus Cripto.

“Alguns indicadores específicos de cripto, como o MVRV, que funciona como uma métrica de sobrevenda ou sobrecompra, apontam níveis que historicamente são de sobrevenda. Por outro lado, nada mudou muito no cenário macro/micro. Tensões geopolíticas, alta alavancagem, inflação, subida de juros, custo de energia e alto nível de endividamento público. Tudo isso continua”, enumera.

Para Rebelo, os balanços das empresas de tecnologias nesta e na próxima semana devem afetar a cripto negativamente.

“Acho que estamos em um bear trap [armadilha de mercado de baixa] e tendo a imaginar um fundo pro bitcoin por volta dos 17 mil a 19 mil”, prevê. “Dito isso, o The Merge é a maior narrativa do ano, a longo prazo quem está comprado em ETH vai se sair bem, mas significa que seja uma volta para um bull market [mercado de alta] nesse momento”, finaliza o analista da Empiricus Cript.

Ethereum e a euforia

A narrativa pode ser outra, para Luiz Pedro Andrade, analista de criptoativos da Nord Research. Segundo ele, o The Merge traz um enorme valor para a rede, porém o movimento atual é mais euforia.

“É uma questão de expectativa por parte do mercado por finalmente haver uma data que, parece ser, concreta para o The Merge”, diz Andrade. Ele não descarta mais atrasos no lançamento.

“Não acho que seja uma sobreprecificação, no caso da atualização. Entretanto essa subida é muito mais relacionada com uma euforia”, explica.

Money Times é Top 10 em Investimentos!

É com grande prazer que compartilhamos com você, nosso leitor, que o Money Times foi certificado como uma das 10 maiores iniciativas brasileiras no Universo Digital em Investimentos. Por votação aberta e de um grupo de especialistas, o Prêmio iBest definirá os três melhores na categoria de 2022. Se você conta com o nosso conteúdo para cuidar dos seus investimentos e se manter sempre bem-informado, VOTE AQUI!

Disclaimer

O Money Times publica matérias informativas, de caráter jornalístico. Essa publicação não constitui uma recomendação de investimento.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
leonardo.cavalcanti@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.