Coluna da Global X

ETF: Você sabe como funciona a liquidez de um fundo de índice?

07 mar 2023, 15:59 - atualizado em 07 mar 2023, 15:59
ETF
ETFs, ou fundos de índices, são importantes na escolha por diversificação de carteira, principalmente em ativos internacionais (Imagem: Pixabay)

Apesar de serem muito populares no exterior e estarem ganhando cada vez mais visibilidade, os ETFs (Exchange Trade Funds ou fundos de índice, em português) ainda são investimentos recentes no mercado financeiro brasileiro. Por isso, existem dúvidas em relação às características desses fundos que possui suas cotas negociadas em Bolsa.

Uma das principais é como funciona a liquidez de um ETF?

Esse artigo busca explicar exatamente isso. Além de falar sobre o funcionamento da liquidez de um ETF, também é importante detalhar a dinâmica de criação de cotas, a atuação dos market markers e o acesso a liquidez dos ativos subjacentes.

Em primeiro lugar, quando se fala sobre a liquidez dos ETFs, um equívoco comum é considerar que o volume negociado e o patrimônio líquido de um ETF são os melhores indicadores para avaliar a sua liquidez. Na verdade, o volume do mercado secundário (bolsa de valores) é apenas a ponta do iceberg. Trata-se apenas de mais um informativo para os parâmetros de sua popularidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por isso, ao observar o perfil da liquidez total do ETF, é importante aprofundar 3 pontos:

  • O impulsionador fundamental da liquidez de um ETF são os ativos subjacentes que o ETF busca replicar;
  • O volume do mercado secundário em que o ETF atua contribui para complementar a liquidez do ativo subjacente, permitindo eficiências adicionais;
  • O PL (patrimônio líquido) pode ser mais uma medida da popularidade de um ETF do que sua liquidez potencial.

Para um investidor de ETFs, a liquidez significa o quão rápido e barato ele pode comprar ou vender sua posição no ETF, e quanto isso afetará o preço do ativo. Como os ETFs são negociados em bolsa, eles são frequentemente comparados às ações. No entanto, existem algumas diferenças fundamentais ao avaliar a sua liquidez.

Ao olhar para a ação de uma empresa, um número fixo de ações disponível ao mercado está em questão. Então, ao comprar ou vender uma quantidade significativa de ações, o Volume Médio Diário (VMD) pode afetar o seu preço.

Só que, ao contrário de uma ação de uma empresa, os ETFs são fundos abertos. Ou seja, podem, diariamente, emitir novas cotas ou resgatar as cotas existentes. Portanto, podem ajustar a oferta de cotas de ETFs disponíveis no mercado.

Diferentes níveis de Liquidez do ETF

Conforme ilustrado na figura acima, é possível pensar na liquidez do ETF em camadas. Nela, o mercado secundário é a camada em que os investidores de ETFs compram e vendem cotas dos ETF, sendo a mais visível forma de verificar a liquidez de um ETF.

Já os Market Makers (formadores de mercado) desempenham um papel importante no mercado secundário, fornecendo liquidez ao longo do dia de negociação. São eles que se oferecem para comprar e vender cotas de ETFs de forma contínua.

Assim, o mercado secundário disponível pelos ETFs pode ser encarado como uma camada adicional de liquidez para os ativos subjacentes que o ETF busca replicar. Isso pode ser evidenciado pelo fato de que os ETFs, muitas vezes, podem ser negociados em maior volume, e com spreads (margem de lucro de uma operação) mais apertados do que a própria cesta de ativos subjacentes que o ETF visa replicar.

Por sua vez, o mercado primário é a camada que sustenta a liquidez dos ETFs. Em um nível básico, um ETF é um veículo que contém uma cesta de ativos, como ações ou títulos.

Quando há um desequilíbrio no mercado secundário de oferta ou de demanda de um ETF, o ETF emite novas cotas em troca do recebimento da cesta de ativos que o ETF busca replicar. Nos Estados Unidos, onde o mercado de ETFs está em um estágio mais maduro, algumas corretoras selecionadas, conhecidas como Participantes Autorizados, ficam com a responsabilidade de criar unidades de ETFs junto ao emissor de cotas do ETF, visando atender à demanda do mercado.

Em troca, entregam a cesta de ativos subjacentes que o ETF busca replicar. Já no caso de resgates, ocorre o inverso, sendo as cotas do ETF devolvidas ao emissor para cancelamento delas. Consequentemente, a cesta de ativos é devolvida ao Participante Autorizado. A figura abaixo detalha de forma ilustrativa o processo de criação e resgate de cotas.

Ecossistema do ETF no Mercado Primário e Secundário

Devido a este processo, um ETF que está rastreando uma cesta de ações de pequena capitalização, por exemplo, tem menos liquidez na camada primária do que um ETF que está rastreando uma cesta de ações de grande capitalização, como o S&P 500. Dito isso, quando um emissor de ETF desenvolve o produto e seleciona sua composição de índice, ele geralmente o faz observando o critério de liquidez.

Portanto, é comum ver um filtro de liquidez sendo utilizado na construção do índice do ETF, que visa garantir um nível mínimo de liquidez.

Por fim, vale mencionar a importância do patrimônio líquido do ETF e sua relação com a liquidez potencial no mercado secundário do ETF. Embora possa significar que o mercado secundário está mais ativo, o PL não é uma medida precisa da liquidez do ETF.

Ao contrário, muitas vezes pode ser distorcido, como por exemplo, devido à posição que alguns grandes investidores detêm do ETF. Portanto, não é um guia único e preciso para a mensuração da liquidez de um ETF.

Seja como for, a popularidade do ETF apresenta um crescimento acelerado. A escolha dos fundos de índices para diversificação de carteira, principalmente em ativos internacionais, está cada vez mais em alta por serem produtos de baixo custo e com liquidez diária.

Além disso, são de fácil acesso e possuem a capacidade de acessar dezenas de empresas do mundo todo em um único produto. Nesse contexto, é válido aprofundar cada vez mais o entendimento das características desse ativo. Entre elas, o funcionamento da liquidez, assim como os seu benefícios e vantagens do uso do ETF.

*Texto adaptado e traduzido pelo Rodrigo Araújo, estrategista-chefe de investimentos da Global X ETFs para América Latina – Fonte: https://globalxetfs.eu/content/files/ETF-Liquidity-Explained.pdf