Etanol tem alta de preço e as vendas de hidratado são as maiores desde 2020; entenda
O mercado de etanol encerrou o mês de janeiro com preços firmes e vendas elevadas no estado de São Paulo (SP). Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o volume de etanol hidratado vendido somente no mercado spot no mês foi o maior desde novembro de 2020, superando os 427 milhões de litros.
De acordo com Rafael Machado Borges, analista de inteligência de mercado da StoneX, em meio à entressafra e paridade favorável, os preços têm espaço para avançar nas usinas. “O etanol já registrava uma forte tendência de alta desde o início de janeiro, guiada pela recomposição dos estoques das distribuidoras após as festas de final de ano”, disse.
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Nas semanas cheias do mês, o Indicador do Cepea/Esalq registrou preço médio de R$ 2,76 por litro (L) de etanol hidratado, representando uma alta de 5,1% se comparado a dezembro de 2024. Para o anidro (considerando somente o spot), o aumento foi de 5,53%, com o Indicador a R$ 3,1 por litro.
Questão tributária também afeta o etanol
De acordo com o analista da StoneX, a mudança de alíquota do ICMS, que afeta o preço dos combustíveis desde o dia (1º), também abre espaço para preços maiores de etanol nas distribuidoras. Com a gasolina R$ 0,10/L mais cara, o etanol pode subir mais R$ 0,07/L e ainda estar dentro da paridade — oferece vantagem econômica ao consumidor.
Ainda sobre a tributação, o setor aguarda outra mudança em 2025, decorrente da regulamentação da Reforma Tributária. O projeto de Lei Complementar 68/24 propõe uma concentração da cobrança do Pis/Cofins do etanol hidratado no produtor. Atualmente, há uma cobrança de R$ 0,13/L no produtor e R$ 0,11/L na distribuidora.
O projeto tem intenção de unificar a cobrança, consolidada em R$ 0,19/L apenas para o produtor, reduzindo a cobrança dupla em R$ 0,05/L. “Caso a alteração seja aprovada, a medida tende a estimular os negócios para o etanol hidratado nas bombas e favorece ainda mais os preços do biocombustível na safra 2025/26”, afirma Borges.
A previsão da StoneX ainda destaca que os estoques da safra 2025/26 sejam menores do que a anterior, com uma redução de 1,9% na produção. “A redução na produção de etanol deverá se dar pela menor produção a partir da cana (-8,1% ou 2,1 bilhões de litros), haja vista um mix mais açucareiro na safra e uma retração na moagem”, disse o analista.
Em relação a demanda, Borges vê o cenário de alta tornar o etanol mais próximo dos 70% do preço da gasolina ao longo da safra. O cenário pode ser ampliado com a redução de saída das usinas, que pode chegar a 2,2%. O maior baixa nos estoques deve ocorrer a partir de novembro de 2025.
Etanol ou gasolina?
Com a alta do etanol, uma forma comum de comparar sua competitividade em relação à gasolina é dividir seu preço pelo da gasolina. Se o resultado for superior a 0,70 (ou 70%), o etanol tende a ser menos vantajoso.
Se o etanol estiver até 70% abaixo do preço da gasolina, ele oferece vantagem ao consumidor. Como a gasolina tem 30% mais energia por litro do que o álcool, o etanol se torna mais econômico abaixo dos 70%.
Segundo Borges, a paridade passou a responder ao aumento de preços nas usinas de etanol. Entretanto, na semana até o dia 2 de fevereiro, o cálculo médio chegava aos 67,7%, cenário ainda favorável ao etanol.
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