Etanol supera a gasolina em 14 estados, mas sofre em outras áreas do Brasil; entenda os motivos
Vale mais a pena abastecer com etanol do que com gasolina em 14 estados e no Distrito Federal. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com base nos preços entre 17 de março e 23 de março.
Compensa mais abastecer com o biocombustível no lugar da gasolina quando o preço do etanol responde por até 70% do combustível fóssil. Por outro lado, o etanol sofre para ganhar força em outros estados do Brasil.
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Entre os estados onde é mais vantajoso abastecer com o etanol, a maioria se concentra entre as regiões do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, grandes polos produtores de milho e cana-de-açúcar.
Recentemente, foi aprovado o PL do Combustível do Futuro, que pode ser um impulso para os preços do etanol, já que a mistura de gasolina no biocombustível pode passar de 27% para 30%.
Etanol x Gasolina: Veja onde é melhor abastecer
Estados | Etanol hidratado (R$/L) | Gasolina comum (R$/L) | Paridade (%) |
---|---|---|---|
Acre | 4,72 | 6,88 | 68,6 |
Alagoas | 3,81 | 5,62 | 67,79 |
Amapá | 5,19 | 5,6 | 92,68 |
Amazonas | 4,03 | 5,74 | 70,21 |
Bahia | 4,16 | 5,99 | 69,45 |
Ceará | 4,56 | 6,09 | 74,88 |
Distrito Federal | 3,62 | 5,83 | 62,09 |
Espírito Santo | 4,05 | 5,82 | 69,59 |
Goiás | 3,8 | 5,85 | 64,96 |
Maranhão | 4,13 | 5,44 | 75,92 |
Mato Grosso | 3,19 | 5,89 | 54,16 |
Mato Grosso do Sul | 3,42 | 5,57 | 61,4 |
Minas Gerais | 3,58 | 5,62 | 63,7 |
Pará | 4,18 | 5,77 | 72,44 |
Paraíba | 3,82 | 5,62 | 67,97 |
Paraná | 3,85 | 5,99 | 64,27 |
Pernambuco | 4 | 5,7 | 70,18 |
Piauí | 4,04 | 5,47 | 73,86 |
Rio de Janeiro | 3,98 | 5,73 | 69,46 |
Rio Grande do Norte | 4,61 | 6,16 | 74,84 |
Rio Grande do Sul | 4,39 | 5,72 | 76,75 |
Rondônia | 4,84 | 6,38 | 75,86 |
Roraima | 4,82 | 6,05 | 79,67 |
Santa Catarina | 4,23 | 5,89 | 71,82 |
São Paulo | 3,42 | 5,6 | 61,07 |
Sergipe | 4,25 | 6,1 | 69,67 |
Tocantins | 3,97 | 5,89 | 67,4 |
A força do etanol e os gargalos do biocombustível
De acordo com Marcelo Bonifácio, analista de açúcar e etanol da StoneX, o grande ponto para o mercado do biocombustível e sua competitividade frente à gasolina fica para o lado da oferta.
“Estados que não possuem produção de etanol sofrem bastante em termos de custo, possuem sim uma disponibilidade do hidratado nas bombas, mas com preço maior – seja pela menos disponibilidade, seja pelos maiores custos com frete, por exemplo. Por isso a gente vê Sudeste e Centro-Oeste com essa paridade bem vantajosa ao etanol, regiões onde estão a produção de etanol”, explica.
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Ele ressalta que no Centro-Oeste existe ainda o etanol de milho com grande excedente de produção em termos regionais, e uma gasolina um pouco mais cara frente a média por ser uma região longe de refinarias e de portos importadores de gasolina.
“No resto do Brasil, a oferta fica muito sujeita às transferências do Centro-Sul para outras regiões e de uma safra de cana menor. No Nordeste, Alagoas é um polo canavieiro relevante, assim como Pernambuco e Bahia. Os preços do etanol mesmo nessas regiões produtoras competem em certa medida com o etanol de São Paulo, em pico de safra, por exemplo, tanto que a gente observa uma paridade abaixo de 70% em alguns estados do Nordeste (Alagoas, Bahia). Mas isso é incomum historicamente”, avalia.
O que esperar para o mercado em 2024?
No momento, o mercado está no aguardo do início da safra 2024/2025 no Centro-Sul, com algumas usinas já em operação desde março.
“No primeiro trimestre de 2024, o etanol chegou a ver queda nos preços, uma vez que os estoques estão nas máximas históricas no Centro-Sul, mas o momento é majoritariamente altista por conta do nível de demanda. O primeiro bimestre do ano já observou elevados patamares de consumo de hidratado nas bombas, e isso deve ser o padrão em 2024”, discorre.
Com uma menor safra de cana-de-açúcar e um mix mais açucareiro, em razão dos melhores preços, a demanda deve ser um fator relevante de pressão altista no ano, com um cenário mais provável de estoques sendo normalizados ao longo do primeiro semestre de 2024.